terça-feira, dezembro 19, 2006

Com ares de formiga...

Hoje sem querer pisei num formigueiro
E tive um ataque súbito de choro
E uma formiga com ar solidário
Disse-me: Não chore, pois o verão já está a chegar
Fiquei muito sensibilizada com o perdão dela
E resolvi adentrar o formigueiro...

Encontro desmarcado

Olá
Vamos tomar um café?
Eu não tomo café
Nem um capuccino?
Talvez
Sento-me àquela mesa
Com resquicíos dos clientes anteriores a nós
Vejo que não estou sozinha
E sinto que falta acúcar na minha bebida
Procuro por ela
E resolvo usar um pó branco
que em vez de adoçar, salga
Delicio-me na amargura de escolher sabores indesejáveis
e de sentar-me a uma mesa suja
Peço que alguém a limpe
Resolvo eu mesma limpar
Sinto-me melhor
e meto o resto de capuccino no lixo...

domingo, dezembro 10, 2006

Encontro Marcado

Sigo em frente, não chuto as pedras, mas tropeço nelas
Dobro a esquina, tenho alucinações
Sinto que a vida é mais do que letras e bits
Transmito-me de um segundo para o outro da pós-modernidade para a pré-história
Apesar de saber que a menina-conteúdo não convence
E pode-se passar por menina-embalagem
Tento trocar o presente pelo futuro
E o vejo ali a minha espera
Abraço-o, amedronta-me
Transfiguro-me em um ser que quer ver, mas não pode ver
Cerco-me de figuras transitórias
Desfaleço
Procuro o caminho de volta, encontro-o
O amor se revela no alívio de se descobrir que não é proibido amar
Mesmo quando a "Lei da Reciprocidade" não foi integrada ao Código Civil
Mas que ela existe, eu sei…
Sigo em frente, não chuto as pedras, mas salto por elas…

quarta-feira, agosto 30, 2006

Relatos de Viagem 1

Cá estou eu do outro lado do Atlântico a viver umas peripécias e a provar do melhor e do pior que há em mim mesma. A partir de agora este Blog ganha novos contornos e significados que vão se alinhar ao longo do tempo e das minhas andanças. De um carácter jornalístico ele passa a ter um enfoque subjectivo, entretanto, banhado pelo factual. Portanto fiquem atentos.
A viagem se deu no dia 28 de julho e desembarquei no dia 29 em Portugal, numa manhã ensolarada de sábado. O primeiro mito a ser quebrado: no serviço de imigração no aeroporto não me repudiaram nem me trataram como uma prostituta em potencial. Segundo mito quebrado: ao sair do aeroporto para a rua não sofri de uma overdose visual por estar pisando pela primeira vez em solo estrangeiro. É claro que sofri um impacto e na presente data tal estranhamento é real, mas isso tem sido de uma forma gradual e natural. E hoje faz 31 dias de degustação e turismo. É, turismo, pasmem. Ainda não peguei na enxada.
E acreditem, nada melhor do que viver a própria experiência, sem ser acometido por uma espécie de comodismo por ouvir descrições mal sucedidas ou preconceitos exacerbados, isto porque tenho me dado muito bem com as situações.
Logo no dia da minha chegada tive a oportunidade de participar de uma "Sardinhada", um prato típico português (publico aqui a receita caso algum compatriota se interessar), em que se assa a sardinha em sua forma natural na brasa. Logo, ainda ensonada e em estado de anestesia, depois de nove horas de vôo, no contato interpessoal com autênticos portugueses fui atiçada pela primeira alteridade: ao cumprimentar todos estendi-lhes as minhas mãos e em súbito pediram-me os dois beijinhos nas maças do rosto. E já tiveram pressa em informar-me: “Cá não existe isso de aperto de mãos, mas sim beijinhos”.
Depois de retirar peça por peça das minhas malas fui acometida pelo primeiro sentimento de nostalgia ao achar cartas de amigos, que por sua vez uma delas muito me admirou por ter sido colocada em oculto na minha bagagem e isto se revelava nesta primeira frase: “Espero que ao ler esta já esteja em Portugal”. Isto, porque dois dias antes de partir de Arcos minha casa ficou repleta de amigos e conhecidos e despropositadamente minhas malas ficaram expostas a todos que embrenharam-se no meu quarto. Entretanto foi benéfico, porque as palavras foram bem confortantes.
Entretanto, como estava a dizer, desfiz as malas e fui convidada para o almoço. Pronto, não comi sardinhas, meu paladar não estava acostumado com peixes e resolvi adiar a experiência gastronómica. Comi mesmo arroz com febras (bife de porco) acompanhado por uma salada de tomates e alfaces. Após a refeição vespertina, tentei dormir para repor quatro noites mal dormidas. O máximo que me aconteceu foi um sono breve e ao acordar a sensação de “onde estou?”.
No dia seguinte fui a uma igreja evangélica que só tinha brasileiros e a sensação foi mesmo estranha. Parecia-me que estava no Brasil, como também me senti nos shoppings centers, e não gostei da impressão de estar “em meu país” em uma terra estrangeira”. E diga-se lá de passagem os centros comerciais foram os primeiros lugares por quais passei, claro que não por vontade própria, mas por um condicionamento inevitável. Mas que como de tudo se tira proveito pude perceber logo que os shoppings são todos com infra-estrutura de primeira excelência e as pessoas não se sentem na obrigação de se arrumarem com esmero para irem a um centro comercial, como no Brasil. Em Belo Horizonte, se vão ao Shopping Cidade vestem-se informalmente e se vão ao Diamond precisam colocar o seu melhor terno de roupa.
Nos primeiros dias em casa dos meus anfitriões me senti com uma personagem. A senhora do segundo andar olhava-me como se fosse bicho do mato, meteu-me medo. Posteriormente fiquei a saber que ela não gosta de pessoas pretas. Aí sim, comecei a me ver como o Raskólnikov de Crime e Castigo. E também já perguntaram se eu era a empregada da casa em que estou hospedada, aí pode ser tanto pelo fato de ser brasileira como pelo fato de ser negra.
Entre saladas de polvo, tomates, mariscos, pães e azeitonas tive meu primeiro papo em direto com jovens portugueses, no Algarve.
Já em Lisboa provei o cálice do cosmopolitismo a uma mesa com franceses, espanholas, um cabo-verdiano, uma argentina, uma chilena e uma brasileira. No presente momento já me integrei ao grupo por meio de uma amiga. E cada dia que passa mais heterogéneo o meu olhar fica…
Só para se situarem, eu já estou a trabalhar em Lisboa e moro em Porto Salvo, que fica na Grande Lisboa... Acostumei-me a ver o mar a balançar e a ver grandes aviões a voar...

sexta-feira, julho 14, 2006

+ Cinema

Depois de sete meses da inauguração de uma sala de exibição em Formiga, o fotógrafo e empresário Josué dos Reis Galoneti resolveu abrir mais uma na cidade vizinha, por causa da demanda dos arcoenses que estavam se deslocando para assistirem aos lançamentos. E também pelo resultado positivo de uma pesquisa de mercado (encomendada por Josué) feita no município que indicou a receptividade de um cinema pelos habitantes.
Aberto no dia dois de junho, em fase de experimentação, o cinema já causou uma agitação na população que já ansiava por novas opções de entretenimento. Entretanto, as primeiras pessoas a irem ao cinema foram os estudantes das escolas municipais da cidade. Isto porque o proprietário fez uma divulgação alternativa nos colégios, distribuindo entradas de cortesia, porque segundo ele, é o mais adequado, ao invés de fazer uma propaganda massiva para um lançamento de grande expectativa e, contrariadamente, o espaço físico do cinema não suportar o público, já que a sala tem capacidade para receber 150 pessoas. Além disso, a idéia nos primeiros dias de vida do cinema era testar o áudio, a projeção de imagem e adequar o espaço físico.
Josué garante que serão exibidos todos os gêneros de longa-metragem lançados pelas famosas produtoras cinematográficas, distribuidoras dos filmes, como Warner, Columbia e Fox. Não é fácil para cinemas de interior conseguir os filmes, porque as grandes empresas têm preferência. “Existem 1900 salas de cinema para 500 filmes. Temos que entrar na fila e esperar até que os lançamentos fiquem disponíveis”. Por isso, Josué explica que os lançamentos nacionais não serão em simultâneo, mas será após um período de 15 dias após a estréia nas capitais. A pretensão do empresário é abrir mais salas de cinema na região para conseguir os filmes rapidamente. As cidades-alvo são Lagoa da Prata, Iguatama e Pains, locais onde Josué possui lojas de fotografia, portanto, lugares em que conhece a comunidade.
Alguns filmes alternativos e curtas-metragens serão exibidos somente se houver uma grande demanda do público. “Há curtas que são patrocinados por algumas empresas e há a possibilidade de consegui-los gratuitamente”. Porém, Josué acredita que seja necessário fazer um festival para atrair o público.
As seções irão ser definidas de acordo com a época. Período em que não há muitos lançamentos haverá somente uma exibição por semana, por outro lado, nas férias escolares como a de Julho o cinema abrirá todos os dias. E aos domingos sempre haverá as matinês. Entretanto, Josué faz de questão de pontuar que irá atender às necessidades da comunidade. “Se alguma escola ou instituição quiser um horário alternativo para a execução de algum trabalho que necessite da exibição de filme eu estou à disposição”, afirma.
A programação da semana pode ser conferida no site http://www.josuescinefoto.com.br/ e quem deseja receber por e-mail é só enviar uma mensagem para o endereço eletrônico: josuescinearcos@yahoo.com.br . O preço do ingresso é R$ 10 e pessoas com idade abaixo de 12 anos e acima de 60 anos ou que possuem carteirinha do estudante têm direito a meia-entrada.

sábado, julho 08, 2006

A leitura difundida em Minas Gerais


Arcos, com exceção de Divinópolis, é a única cidade do Oeste do Estado que faz parte da agenda do Projeto “TIM - Estado de Minas Grandes Escritores”



Utilizar-se da literatura para ensinar matemática. Parece uma tática por demais estranha, mas foi assim que o mineiro Marcelo Andrade, idealizador e coordenador do “Projeto TIM-Estado de Minas Grandes Escritores” quebrou a barreira mental dos alunos em lidar com os números. “Nos primeiros cinco minutos de aula eu lia alguma crônica ou poesia, logo, os estudantes ficavam relaxados e receptivos ao conteúdo da disciplina”. Tal estratégia demonstra uma constante na vida desse professor que sempre se preocupou com a difusão dos livros e da leitura. Ele que foi Secretário de Cultura da cidade de Viçosa por 12 anos chamou a atenção da empresa de Telefonia TIM que o convidou para executar o projeto no interior de Minas Gerais. O resultado do projeto pôde ser visto primeiramente em Viçosa, município que segundo Marcelo Andrade havia uma livraria e após a execução do trabalho, abriu-se mais três.
O projeto consiste em levar escritores brasileiros consagrados para falarem da vida e obras deles à população das cidades que fazem parte do circuito. São 13 autores: Adélia Prado, Zuenir Ventura, Frei Betto, Fernando Morais, Bartolomeu Campos de Queirós, Rose Marie Muraro, Marina Colassanti, Affonso Romano de Sant’Anna, Ignácio de Loyola Brandão, Carlos Herculano, Alcione Araújo, Nelson Motta e Adriana Falcão. Marcelo acredita que o encantamento em ouvir um escritor a falar da própria história de vida e obra, a oportunidade do público leitor estar próximo à ele e a possibilidade de fazer perguntas faz com que as pessoas procurem os livros dos autores, e conseqüentemente leiam mais.
A seleção dos escritores que fazem parte do projeto foi feita de acordo com alguns critérios, assim explica Marcelo Andrade. São autores que são jornalistas com livros publicados e que têm uma boa oratória, e acima de tudo são pessoas de fácil relacionamento, sem perfil de celebridade. “Escolhi escritores que são humildes, que saibam lidar com todo tipo de público, afinal estamos passando por muitas cidadezinhas, onde muitas pessoas não têm o hábito de irem a eventos culturais”, conta Marcelo. O idealizador do projeto conta que no início, os escritores ficaram receosos, pelo fato de ser interior, entretanto, hoje eles adoram ministrar as palestras e interagir com o público. “Os habitantes de cidades pequenas têm uma delicadeza e receptividade cativante. Em Arcos nós, a minha equipe e os escritores percebemos isso rapidamente”.
O projeto está em 25 cidades de Minas Gerais, nove no Rio de Janeiro e quatro no Espírito Santo, além de avançar também para os estados Bahia e Sergipe.
Arcos, com exceção de Divinópolis, é a única cidade do oeste de Minas que está na agenda dos autores, desde o ano passado, com a visita de Afonso Romano Sant’Anna e Zuenir Ventura. No último mês de junho, os arcoenses foram prestigiados com a palestra de Marina Colassanti e no próximo dia 28 de setembro, o escritor Alcione Araújo falará da vida e obra dele. As cidades contempladas pelo projeto também são enriquecidas culturalmente com a doação de livros para as bibliotecas municipais. Marcelo ressalta que o “TIM-Estado de Minas Grandes Escritores” tem o intuito de ser uma semente, que germine e incentive as prefeituras a criarem as próprias políticas de incentivo à leitura, valorizando as bibliotecas e os bibliotecários. A Secretária de Cultura de Arcos, Maria Marlene Rodrigues comprova e diz que em 2005 a procura pelos livros de Afonso Romano Sant’Anna e Zuenir Ventura superaram as expectativas. Conforme ela diz, a biblioteca municipal já recebeu cerca de 180 livros dos diversos autores aliados ao projeto.
Para ela, o projeto representa um dos mais eficazes no que diz respeito à “incentivos à leitura”, sendo que jovens estudantes e até crianças incorporam a presença do escritor por meio da interação autor-leitor. “Por causa da sinergia causada pela proximidade eles apropriam do ideal literário do autor. Vão tomando gosto pela leitura e pela escrita à medida que conhecem o outro lado. Há uma magia nisso; o escritor incute nas pessoas uma vontade de ler”, explica Marlene.
A Secretária exemplifica ao contar que muitas pessoas passaram a ler as crônicas de Afonso Romano Sant’Anna que são publicadas todos os domingos no jornal Estado de Minas, após a palestra do escritor mineiro. “Muitas pessoas chegaram entusiasmadas para contar-me que o escritor citou a cidade de Arcos em uma de suas crônicas”.
As cidades que fazem parte do circuito do projeto são colocadas no programa, a partir do pedido de suas respectivas administrações públicas, ou pela TIM ou por Marcelo Andrade. Dentro desse critério seleção, Arcos é uma exceção. O município entrou à pedido do Secretário do Governo da Casa Civil, Danilo de Castro, ao coordenador do projeto. “Arcos, é a única cidade que foi atendida por um pedido do governo”, conta Marcelo.
Segundo Marcelo, todas as palestras estão sendo filmadas, e a proposta é fazer um vídeo-documentário sobre todas as edições do projeto.

segunda-feira, julho 03, 2006

Aniversário da cidade

Bandeira de Arcos


Este mês, Arcos completa 68 anos de emancipação político-administrativa. Para comemorar a Prefeitura organizou uma série de eventos culturais e esportivos, a partir do dia 16, data de aniversário da cidade.


Dia 16- 08h:00 - Hasteamento de bandeiras na Prefeitura Municipal
08h30min - Desfile com a participação de escolas, instituições, clubes de serviços e fanfarras convidadas de Cabo Verde, Itaú de Minas, Colégio Armstrong e Banda do 23º Batalão da Polícia Militar de Divinopólis;
16h:00 - Festa da Padroeira - Procissão de Nossa Senhora do Carmo, saindo da comunidade de Nossa Senhora do Rosário para a Igreja Matriz, encerrando com missa campal e queima de fogos;

Dias 16 a 30- Exposição de pintura - Casa de Cultura
Dia 18- 20h:00 - Apresentação da banda SIGMA 6 - Praça Floriano Peixoto
Dia 19- 19h:30min - Coral Municipal com tenor Júnior e Grupo de Seresteiros;
Dia 20- Apresentação de Dança do Ventre - Casa de Cultura
Dia 21- Exposição regional de artesanato
21h:00 - Show com Vígilio + nóis - MPB - Praça Floriano Peixoto
Dia 22- Exposição regional de artesanato
21h:00 - Show Éder Andrade - MPB - Praça Floriano Peixoto
Dia 23- 13h:00 às 17h:00 - II Ciclismo Olímpico - Praça Floriano Peixoto
20h:30min - Banda Elite Way - Cover de "Rebeldes"
Dia 27- 20h:00 - Apresentação da academia By Fitness - Praça Olívio Vieira de Faria
Dia 28- 21h:00 - Os Tarântulas - Cenas D' Alma
Dia 29- 21h:30min - Minas ao Luar e Grupo de Seresteiros de Arcos - Praça Floriano Peixoto
08h:00 às 18h:00 - Campeonanto Brasileiro de Karatê semi-contato - PAEME
Dia 30- 14h:00 às 17h:00 - Campeonato de Skate Street - Pista de Skate
08h:00 às 18h:00 - Campeonato Brasileiro de Karatê semi-contato - PAEME

segunda-feira, junho 26, 2006

Participe da terceira Exposição de Orquídeas de Arcos

A Sociedade Orquidófila de Arcos (SOAR) em parceria com a Prefeitura Municipal promoverá a 3º Exposição de Orquídeas da cidade, nos dias 01 e 02 de julho, na Casa de Cultura.
Veja a programação:


Dia 31/06 - (15h:00 às 18h:00) - Recebimento das plantas
Dia 01/07 - (09h:00 às 20h:00) - Abertura oficial e visitação pública
Dia 02/07 - (09h:00 às 15h:00) - Visitação pública
15h:00 - Entrega de prêmios
16h:00 - Encerramento oficial e retirada das plantas

Plano Diretor em pauta

Nesse sábado (24 de junho) , ocorreu no auditório da Puc Minas Arcos a segunda reunião para a elaboração do Plano Diretor do município, durante a manhã e a tarde.
É importante destacar alguns pontos interessantes que foram apresentados pela equipe técnica da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), uma das responsáveis pela elaboração do Plano, juntamente ao Núcleo Gestor e Sociedade Civil.
  • Uma prioridade do Plano é retirar as pessoas do conjunto habitacional beira Linha Férrea na Rua Tenente Florêncio Nunes, e levá-las para um lugar com condições saudáveis de moradia.
  • Pretende-se resolver o conflito entre tráfego interno e externo na BR 354.
  • O crescimento da cidade está fragmentado, isto quer dizer, que a ocupação do perímetro urbano está se distanciando muito do centro desordenadamente.
  • A estimativa populacional para 2.020 é de 42.000 habitantes, um aumento de apenas 7.000 pessoas.
  • A ocupação do espaço em Arcos está com tendência a eliminar áreas verdes. Para sanar tal problema, propõe-se criar reservas ambientais e corredores ecológicos.
  • A reocupação da fauna é automática com a criação dos corredores ecológicos.
  • Propós-se a criação de um Atlas Escolar para que os moradores entendam mais sobre o lugar em que vivem.
  • Propós-se em desviar a Linha ferroviária do perímetro urbano.
  • Criar uma faixa arbórea entrea a Linha ferroviária e a cidade, para evitar ruídos.
  • Remanejar o Centro administrativo para a área entre os bairros Floresta, Jardim Bela Vista e Planalto para otimizar o crescimento urbano.
  • Apesar da discordância de alguns arcoenses, os técnicos da UFMG afirmaram que Arcos não tem potencial turístico.

Saiba mais sobre o que é o "Plano Diretor"


A Campanha Ministério das Cidades cria movimento nacional para construir cidades includentes, democráticas e sustentáveis: a "Cidade de Todos", por meio da reforma urbana.Até outubro de 2006, 1.700 municípios brasileiros com população acima de 20 mil habitantes ou integrantes de regiões metropolitanas e aglomerações urbanas precisam elaborar ou rever o Plano Diretor. De acordo com o Estatuto da Cidade – Lei Federal 10.257 - os prefeitos que não providenciarem o Plano Diretor vão incorrer em improbidade administrativa. Para o Ministério é importante transformar esta obrigatoriedade em oportunidade para se repensar o processo de desenvolvimento das cidades em todo o país. Transformar a elaboração do plano num processo em que a população pensa e discute a cidade onde mora, trabalha e sonha, e faz propostas para corrigir as distorções existentes no desenvolvimento do município. O Plano Diretor vai portanto definir qual é a melhor função social de cada pedaço da cidade, considerando as necessidades e especificidades econômicas, culturais, ambientais e sociais. O Plano deve ser um verdadeiro pacto sócio-territorial que de fato transforme a realidade das nossas cidades.Para apoiar os municípios e sensibilizar a sociedade da importância do assunto, o Ministério das Cidades com o apoio do Conselho das Cidades lançou em maio de 2005 a Campanha Nacional "Plano Diretor Participativo - Cidade de Todos". Desde o seu lançamento oficial, a Campanha foi desenvolvida com base na estruturação de 27 Núcleos Estaduais – 26 estados e DF - que contam com a participação de diferentes segmentos sociais e que refletem na sua composição e organização a diversidade do país.
Leia Mais:
Discurso do Presidente Lula
A história das cidades brasileiras é um pouco a história de milhões de pedreiros de fim de semana; gente que descansa batendo laje em ritmo de pagode nos domingos e feriados; gente que faz das tripas coração para transformar madeira em barraco; barraco em alvenaria, e alvenaria em abrigo, aconchego, dignidade e, portanto, num lar.
Leia mais:
Número de municípios, por estado, que precisam fazer o Plano Diretor
Acre (5), Alagoas (44), Amazonas (28), Amapá (3), Bahia (164), Ceará (88), Distrito Federal (1), Espírito Santo (32), Goiás (58), Maranhão (76), Minas Gerais (208), Mato Grosso do Sul (21), Mato Grosso (21), Pará (84), Paraíba (30), Pernambuco (96), Piauí (29), Paraná (101), Rio de Janeiro (60), Rio Grande do Norte (23), Rondônia (17), Roraima (1), Rio Grande do Sul (121), Santa Catarina (83), Sergipe (20), São Paulo (251) e Tocantins (10).

Fonte: www.cidades.gov.br

quarta-feira, junho 14, 2006

Um pouco da história do cinema em Arcos

Cine-Arcoense em 1917


E para quem pensa que em Arcos nunca houve cinema, está aí a prova documental do primeiro cine, datada em 1917. Além de exibição de filmes, o espaço era utilizado para apresentação de peças teatrais produzidas por atores da cidade.
O "Cine-teatrinho" como era chamado, na verdade, foi criado com intuito de se ter um espaço para o teatro. O idealizador e construtor do prédio foi José Guimarães, que mais tarde passou a direção do empreendimento para Pedro Honório Dias.
Em 1935, como sérios problemas financeiros, o "Cine-teatrinho" foi vendido para o médico Osório de Souza Oliveira, com o objetivo de reformar o prédio e colocá-lo em atividade. O edifício encontrava-se em estado precário com as estruturas trincadas, o maquinário com defeito e o teto prestes a desabar, mas isso não impedia que, no palco, fosse realizadas reuniões de caráter público e atividades culturais em geral.
De acordo com o livrete "Palestras e Reminescências de um amigo de Arcos", de autoria de Osório de Sousa Oliveira, umas das primeiras mudanças foi a substituição do antigo projetor chamado de Pathé, que apresentava uma péssima qualidade de imagem e uma iluminação deficiente. O maquinário foi trocado por um conjunto completo de cinema mudo.
Nessa mesma época, era comum os donos de cinema contratarem bandas de música para acompanharem os filmes e não deixar a platéria entediada.
Em 1936, esses equipamentos foram substituídos pelo cinema sonoro, de ótima qualidade e com projeção bastante clara.
Segundo o ajudante do operador de filme, Geraldo Peixoto, tudo era muito disciplinado: " durante a exibição de filmes mudos, músicos da cidade ficavam dentro do cinema para animar o público e dsifarçar os barulhos que a mudança de fita fazia".
Para adquirir os filmes, Osório criou uma sociedade com os irmãos Pedrosa, Lazinho e Zizico.
Mais tarde a sociedade foi rompida e o cinema parou, até Osório conhecer José Nascimento, um empresário que trabalhava em uma distribuidora de filmes em São João Del Rey. Ele convidou-o a incorporar o cinema à empresa.
Pouco tempo depois, Osório vendeu o cinema a José Nascimento. A administração foi passada em 1960 a José Alves Teixeira Filho, conhecido como José Laranjeira.
Naquele momento, poucas pessoas queriam trabalhar na administração do Ciné-Arcoense, pois o negócio passava por várias dificuldades e era pouco lucrativo. José Laranjeira fez uma boa reforma e instalou equipamentos importados da Holanda.
O cinema localizava-se na Praça Floriano Peixoto, onde é hoje o tele-cerveja Ligeirinho. A sala de exibição tinha capacidade para 390 pessoas. Os filmes eram adquiridos em Belo Horizonte e as exibições aconteciam, à noite, durante a semana. Aos domingos aconteciam as matinês.
Os filmes mais apresentados eram os nacionais, como o dos "Trapalhões", do "Oscarito", do "Mazzaropi", e os internacionais com Elvis Presley.
O cinema foi desativado em 1994.

Fonte: Jornal Portal - edição Fevereiro 2003 - "Antigo cinema abriga parte da história de Arcos" - Cláudia Silva, José Henrique Silva e Sônia Rodrigues

segunda-feira, junho 05, 2006

Cinema em Arcos

Não vou escrever aqui que os sábios ou algum ditado popular já diziam que uma cidade sem cinema, não há gente feliz, porque eles não disseram, embora, eu me atreva em afirmar: Um povo sem cinema é um povo triste. E por que ser tão categórica em criar esta máxima? Em uma cidade sem cinema, as pessoas não vêem filmes, conseqüentemente não comentam as preciosidades da sétima arte. Perdem, por não sonharem, por não desfrutarem a sensação misteriosa de se estar numa sala escura vendo o possível e impossível de um mundo perdido passar numa tela grande.
Pessoas que não sonham nem imaginam um mundo além do físico são tristes, são ocas.
Uma cidade sem cinema não incentiva as crianças, nem adolescentes, nem mesmo os universitários a produzirem peças audiovisuais. Em uma cidade sem cinema, as pessoas namoram menos. Não tenho estatísticas que comprovem isso, mas comecem a observar, de repente percebam algum indício que legitime as minhas afirmativas. Afinal, o cinema é uma grande mola propulsora de relacionamentos. É depois de uma exibição de um filme, que você se esbarra com alguém que está com um semblante de felicidade ou de amargura, resultado do filme, que você se revela integralmente ao comentar a película, por horas. O cinema é degustativo, muito mais do que a pipoca. Uma cidade sem cinema não tem charme, não tem glamour, muito menos festivais de cinema. Infelizmente, cada vez mais os cinemas de rua deixam de existir e mudam-se para os impérios capitalistas, os shoppings centers. As pessoas também deixam de ir ao cinema, para assistirem filmes em casa e fazerem uso dos serviços de entrega em domicílio. Isso é muito mau. Mais uma vez perdem, por não interagirem e por não conhecerem pessoas interessantes.
E Arcos, a nossa adorável cidade, de passado agrário, de futuro promissor. Ela agora tem um cinema, para embelezá-la, para alegrar seus habitantes e trazer mais sonhos àqueles que estavam com a mente cauterizada pelo pó calcário, disseminado pelas indústrias extrativas. Apesar de estar em fase experimental e com características físicas rústicas já é um ponto de encontro de quem gosta de ver filmes, e mais do que isso, desconstruí-los.
E quem diria, depois de 12 anos do fechamento do Cine-Arcoense, a cidade recebeu o presente dos deuses, nessa última sexta-feira.
Fiquem ligados, não se acomodem em suas poltronas, levantem-se para irem ao cinema, afinal ele está em fase de experimentação e vai depender da sua presença.
O Cine está localizado na Avenida Governador Valadares, próximo à trincheira.

sexta-feira, junho 02, 2006

“Tudo fala. Basta você parar e ouvir”


De tudo pode se emanar uma inspiração para arte. Os objetos, as atitudes das pessoas, a natureza, o meio ambiente em geral. Assim relata artista plástica Neuza Lima sobre o processo de criação de peças artísticas

Todos nós podemos ser artistas? Embora possa parecer um tanto pretensiosa, a pergunta procede. Levando-se em conta que a arte é uma forma de expressão, todos no decorrer da vida a desenvolve um pouco. Algumas pessoas de fato se entregam a subjetividade e desenvolvem as habilidades artísticas em sua plenitude, sem se preocuparem com as exigências da sociedade. Outras, coagidas pelas obrigações que vida as impõem seguem o caminho da objetividade.
A artista plástica de Arcos, Neuza Lima, de 48 anos, optou pelo caminho da arte, logo na adolescência, quando se dedicava, com afinco, aos trabalhos escolares, nas disciplinas que exigiam criatividade. Fez cursos de pintura ainda na juventude, e rapidamente começou a criar sozinha em casa. As tintas, as telas, tecidos, papéis, vidros e madeiras eram materiais que atraíam a atenção de Neuza para uma experimentação artística. “Quando se dá ouvido aos anseios da alma, as coisas acontecem naturalmente e tudo que nos rodeia nos leva a realização daquele desejo”, filosofa.
Em todos os segmentos da arte, seja ela, visual, gráfica ou plástica, o processo de criação é essencial. Pois, é nesse estágio que o artista absorve da realidade temas que necessitam ter visibilidade e mescla com os próprios sentimentos, dando início à peça artística.
Com Neuza, esse período não é diferente. De acordo com a artista plástica, a inspiração pode sair de qualquer lugar, basta estar atento, com os cincos sentidos aguçados para percebê-la. Ela diz que todos os materiais transmitem alguma mensagem. “Trata-se de uma percepção interna. Algo na natureza, nas atitudes das pessoas me chama atenção, então passo a desenvolver aquela idéia dentro de mim, pesquiso em livros e revistas. Depois filtro as idéias, até que o conceito fique mais forte, claro, constatado e inicio a obra”.
Ela já pintou quadros com temáticas relativas a ruas, casas, paisagens com águas, e também realizou também uma obra, composta de 17 telas chamada, a “Mulher e a Flor”, uma homenagem ao “feminino” no planeta. Neuza associou as mulheres às flores, inclusive, cada mulher representada tem o nome de uma flor, que é o mesmo da tela. Os nomes são interessantes, porque alguns são comuns, porém as pessoas não sabem que são nomes de flores, como por exemplo, Érica.
Além de pintar telas, com tintas a óleo e acrílicas, a artista realiza trabalhos de reciclagem, que engloba técnicas de decupagem (corte, colagem e montagem de figuras de papel) e de artesanato. A artista transforma caixinhas de leite em suporte de flores, canudinhos de folhas de revistas e jornais em porta-retratos e em porta-copos. Apesar da reutilização dos resíduos sólidos ser um trabalho novo e de experimentação para Neuza, ela diz que é fascinada por este segmento e acredita que todo material pode ser reaproveitado. “A versatilidade da vida está impregnada nos objetos, por isso podem ser transformados continuamente, assim como a nossa vida. Uma caixinha de leite serve para transportar o leite, mas depois de utilizada pode ser reformulada e ganhar uma outra utilidade”.
Outros trabalhos feitos pela artista são a ornamentação de vasos de cerâmica e também as pátinas, palavra que vem do italiano e quer dizer tinta sobre tinta, é uma técnica que pode ser aplicada em paredes e em móveis de madeira.
Existe um clichê na atualidade, de que nada mais é criado, mas sim copiado. A respeito disso Neuza explica que o artista não inventa uma peça, mas na verdade capta e reproduz algo que está pronto no meio ambiente.
Ela que já expôs em várias escolas de Arcos, na PUC Minas Arcos, no Unifor (Centro Universitário de Formiga), e também nas cidades de São Paulo, Presidente Prudente e Catanduva, diz que quando apresenta as telas ao público sente-se realizada. Segundo ela é o momento em que todo aquele conceito idealizado no processo de criação é comunicado ao observador. Nas palavras dela, um coração comunicando com outro.
A artista plástica é formada em Letras pelo Unifor e leciona disciplinas relacionadas à arte nas escolas particulares Cecon e Inpa, na Escola Estadual Maricota Pinto, e também ministra aulas de pintura na Casa de Cultura da cidade. Ela tem um ateliê na praça Floriano Peixoto, lugar em que pretende, em longo prazo, abrir para visitação do público.




PS: Em breve, fotos.

quarta-feira, maio 24, 2006

Tom Bege destilado em tons de saudosismo




O Tom Bege é o bar que mais deixou saudade em Arcos. Durante seus 18 anos de existência foi marco de várias histórias de amores e rumores




“no salão de um bar em tom laranja
ostra ou bege
como mesa vazia
olhares perdidos na fumaça
das bocas que almejam beijos
essência que flora do chão
cheiro do amanhã
voltar novamente”
Nada mais perfeito do que este trecho da poesia “Tons Dispersos” de Antônio Veloso com seu traço de sensibilidade e romantismo para expressar o clima do Tom Bege, bar que foi cenário da vivência de várias gerações em Arcos e gera assunto para longas horas de saudosismo. No ano de 1982, a família de Samuel Antônio da Silva, composta pelo pai Honorato da Silva, pela mãe Maria José Calácio, a Zezé, e pelo irmão Sinval José da Silva abriu, literalmente, a Casa para fazer história na vida social e cultural do município.
A idéia de se criar o bar veio dos pais de Samuel, e o primeiro passo que tomaram foi procurar um lugar alternativo que desse um aspecto confortável, familiar e de bem-estar aos freqüentadores. Até que acharam o ambiente ideal: o rememorado casarão em frente a Praça central, que ficava ao lado do Tio Patinhas e tinha 91 anos de existência, com imensas janelas de madeira. Apesar das paredes terem sido desmanchadas, a família proprietária preservou ao máximo as características da arquitetura quase centenária da casa, principalmente a fachada e o assoalho que proporcionava a leve sensação de se estar pisando nas nuvens, impressão garantida por quem passou pelos pisos do Tom Bege até 1994, ano em que o piso foi trocado por cimento. Só a parte dos fundos danificada por um incêndio, que sofreu modificações mais evidentes.
A decoração foi incrementada com os toques peculiares de artefatos comprados na Feira Hippie de Belo Horizonte, como objetos rústicos de fazendas e lustres excêntricos. Na entrada do bar, havia um item especial que dava ares de “alternativo” ao lugar, era um garrafão com uma lâmpada inserida no interior que ao ser acesa dava projeção ao nome do local, escrito dentro do vidro. Nome que se originou devido à cor do recinto e à influência do bar famoso, Tom Marrom, de Belo Horizonte.
O Tom Bege, além de um bar, era um local em que se promovia e incentivava a arte e a cultura. Tocava-se somente Música Popular Brasileira, enquanto vários artistas da cidade e da região expunham seus trabalhos. Ideais e idéias políticas e sociais eram propagadas por meios de eventos que estimulavam o senso democrático dos freqüentadores. Samuel conta que se realizavam festas em que se tinha que votar em alguma coisa, para incitar a participação coletiva. Até jornal foi lançado no Tom Bege, o extinto Paquiderme.
Os arcoenses que estavam acostumados a assistir shows somente no Clube Social, começaram a se deslocar para o bar, para se divertirem com apresentações de bandas famosas na época; uma delas foi a “Três do Rio”, grupo famoso por mesclar música com teatro.
Como metaforiza Samuel, o bar não só abria grandes janelas para a Praça, mas abria várias janelas na mente das pessoas. Toda manifestação de arte que era exercida era com intuito de causar reflexão e ampliar a visão de mundo de cada um que passasse por ali.
No bar havia um painel reservado para quem quisesse expor algum texto literário, intitulado “Tom Poético”, artifício que inspirou a compilação das melhores poesias no livro “Tom das Palavras”, publicado em 16 de julho de 1983, com prefácio de João Evangelista Rodrigues. Inclusive, o trecho da poesia citado logo no início da reportagem foi retirada dessa obra literária. Samuel, que é formado em Comunicação Social, se responsabilizou em fazer a antologia e as ilustrações. Muitos dos desenhos contidos no livro, de autoria de Samuel, são imagens estilizadas do Tom Bege.
A culinária também era uma forma de difundir cultura no Tom Bege, afinal, em cada ocasião especial que acontecesse a nível local ou nacional, eram servidos pratos típicos daquela data. Em noites quentes de carnaval os mexidos enchiam a ‘boca de água’ de qualquer um; na semana santa era a vez dos bolinhos de bacalhau. Nos dias comuns, o caldinho de feijão com pão de queijo era o carro-chefe do cardápio. “Na época não era comum as pessoas tomarem caldos como se faz hoje em dia. Então, no início fomos ousados e até pensamos que não iria fazer sucesso, partindo da idéia de que todos comem feijão todos os dias em casa”, lembra Samuel.
As pessoas de cidades vizinhas tinham conhecimento do Tom Bege, diz o proprietário, e muitos vinham de fora para divertirem no bar. Era super frequentado, fato que tornou o espaço pequeno e depois de 11 anos de funcionamento, ocasionou a criação de um anexo, o Tom Mix, em 1993, um espaço maior, onde foram realizadas várias festas tradicionais. Entre elas, o Dia das Bruxas, Sábado de Aleluia, Carnaval, Reveillon, Brega, Country, Blues, Anos 60 e 70 e Noite da Lanterna; e também nada tradicionais, como a Noite do Chupacabra, em que um cabrito foi leiloado. O Tom Mix tinha mais o aspecto de uma boate, do que propriamente de um bar.
Quando o Tom Bege completou 15 anos, em 1998, uma festa especial de comemoração foi realizada, com apresentação de quatro bandas, e a distribuição de mais de 1.500 exemplares do Mini Guiness, livrete com a reunião dos fatos mais pitorescos acontecidos no bar. Apesar de terem aumentado os fatos e com uma boa dose de humor, Samuel garante que é tudo baseado na verdade. Veja abaixo algumas curiosidades do Mini Guiness.
Nos primeiros anos, o bar abria de terça a domingo, e nos anos próximos ao fechamento, em 2000, o Tom Bege funcionava de quinta a domingo. De acordo com Samuel, uma série de motivos impulsionaram o fim do Tom Bege, tanto pessoais quanto comerciais. A cidade já tinha diversos ambientes com fins culturais, e também mais opções de lazer, por isso o bar já não estava sendo lucrável. Além disso, o patriarca da família proprietária faleceu, e Samuel achou melhor ajudar o irmão Sinval, na Pizzaria Pedaço, que também era deles. Depois de dois anos que o Tom Bege foi fechado, o Casarão foi demolido pelo dono da casa, esgotando a possibilidade de ser reativado. Samuel acredita que o proprietário do imóvel tomou essa atitude, com receio que de que o casarão fosse tombado como Patrimônio Histórico do município.




Fachada do bar em 1982



Tom Bege no Ciberespaço

Uma forma de matar a saudade do Tom Bege é participar da Comunidade no Orkut (site de relacionamentos) “Eu fui no Tom Bege”, espaço virtual em que amigos contam histórias vividas no bar e comungam de um mesmo objetivo: não deixar a memória morrer. A comunidade foi criada em 27 de janeiro de 2005 e até a data de apuração desta reportagem, tinha 377 membros.
Nos tópicos de discussão, a indignação rola solta, devido ao fato de o casarão centenário ter sido demolido. Os freqüentadores do Tom Bege acreditam que foi um crime contra o patrimônio histórico e cultural de Arcos derrubar um monumento que não só fez parte da história do município como se tornou um ícone da Praça central, produzindo boas memórias de várias pessoas.
Existe também na comunidade muitos comentários de pessoas que não são arcoenses, mas tinham o Tom Bege como um ponto de referência quando iam a cidade passear. Valéria de Paula Queiroz é uma delas, que mesmo morando em São Paulo, ia a Arcos sempre visitar a família nas férias, feriados e finais de semana e aproveitava para “bater o cartão” no Tom Bege. “Quanta bebedeira, quantos tombos naqueles degraus e quanta saudade. Arcos e o Tom Bege fazem parte da minha feliz história”.
O tópico da lista de discussão, intitulado “Significou muito para mim”, é relevante pela intensidade dos fatos. Escrito pelo cartunista Ed da Silva Rodrigues, 38, ele relata os 'anos dourados' em que viveu no bar. Desde a sua inauguração em 1982 até seu fechamento, em 2000, ele o freqüentou. E foi por causa de um fato ocorrido lá, que deu o primeiro passo para se profissionalizar como desenhista.
Ed conta que expunha desenhos semanalmente no Tom Bege, numa espécie de mural de charges. Certo dia, ele fez uma brincadeira sobre a demora dos policiais atenderem os chamados de socorro de brigas que aconteciam na Praça, o que resultou em censura. Os policiais foram ao bar e recolheram todos os desenhos, além de intimarem Ed a comparecer na delegacia para prestar depoimento. O cartunista lembra que isso aconteceu em 1985, e que apesar da década ser marcada pelo retorno gradual da democracia, o ato foi resquício dos “anos de chumbo”.
Os policiais não puderam acusá-lo formalmente, porém, enviaram um pequeno dossiê do fato ao gerente do banco em que Ed trabalhava na época, "para os fins que julgasse necessário"(palavras dos guardas), que foram boas risadas no final do expediente. “Nesse dia, senti que precisava ampliar meus horizontes, partir em buscas de editoras, de um reconhecimento maior do meu trabalho e ficar livre de tal provincianismo”, conta.
Hoje, Ed desenha para revistas da editora Abril, revista Mad, EGM em Brasil, Nintendo World e Jornal Estado de Minas.





Curiosidades - Mini Guiness do Tom Bege





Tô fechando...

O maior pileque constatado foi o do sujeito que chegou a preencher um cheque no valor de Cr$1.000.000,00(um milhão de cruzeiros), para comprar o bar.

O freguês mais canseira ainda conseguiu tomar cinco saideiras antes de dormir o sono mais longo no balcão: cerca de oito horas ininterruptas, durante o carnaval de 1993.

A sua casa

Em quinze anos, houve quinze verões chuvosos: em todos eles, ninguém ficou livre das exatas 74 goteiras causadas por falhas no telhado. Inexplicavelmente, os 480 litros de água eram recolhidos nas bacias e baldes nunca serviram para nada.
Quando faltava eletricidade, acediam-se lampiões. Ninguém reclamava.


Ficou na saudade...

... o pastelzinho português e o mexido da madrugada nos carnavais.
... o garrafão de vidro que ficava na entrada do bar, que durou dez anos, até se quebrar.

Toca aquela do...


Foram executadas 16968 horas de música – o que daria para ouvir dois anos de música sem parar. O primeiro disco (vinil, lembra?) já quebrou faz tempo. A música mais tocada nesses quinze anos foi “Rock Mary” do Paulinho Boca de Cantor. Tornou-se uma espécie de “hino” do Tom Bege.

O Tom bege foi o primeiro bar equipado com CD player em Arcos (o aparelho foi comprado no Paraguai)


(in)Consequências I


Nesses quinze anos, foram dados 2 tipos de beijos de língua: secos e molhados

Foram contadas 88379 fofocas, 674 mil piadas e 849 mil mentiras( esta é uma delas).


E o tom continua...

Em quinze anos, aconteceram milhões de flertes, foram trocados bilhões de abraços, trilhões de namoros começaram e terminaram, inúmeras cantadas foram dadas, litros e litros e litros de lágrimas foram derramados, sorrisos e gargalhadas inesquecíveis são lembrados por todos aqueles que passaram pelo Tom Bege.

segunda-feira, maio 15, 2006

De 59 a 79: do tradicional às discotecas





Bar e Lanchonete Varanda no início da Década de 80



Veja alguns dos espaços de entretenimento que marcaram a vida social de Arcos


Dos 21 anos da cidade de Arcos em 1959 até o final da década de 70, o município teve uma evolução social e cultural movida pelas tendências mundiais de entretenimento. Os lugares de diversão que antes eram restritos a uma determinada elite cedeu lugar para bares despojados e discotecas, proporcionando alternativas de lazer para vários gostos. Ao Clube Social, somou às opções de ambientes mais acessíveis como o Restaurante e Lanchonete Tio Patinhas, a popular lanchonete e danceteria Varanda, e aos alternativos e vanguardistas Zeppellin e Chalé.
O Clube Social foi o primeiro espaço de entretenimento de Arcos, lançado ao público em 1959, pelos fundadores Clóvis Veloso da Silva, Alaor Vilela e Roulien Ribeiro de Lima. De acordo com Roulien, a Sociedade se chamava “Arcos Recreativo Clube” e foi criada com o intuito de reunir amigos para dançar, já que não existia nenhum lugar para se divertir.
Localizado no segundo andar do prédio em que fica o Bradesco, no local eram realizadas todo tipo de festividades, como festas de aniversário, de casamento e também eventos no Carnaval. Durante a semana eram promovidos a “Hora Dançante”, que na verdade era duas horas de dança. Tocava-se, principalmente, bolero, valsa e samba. Aos sábados, a noite era agitada com a presença de grandes nomes da música brasileira. “Todas os grupos musicais que trazíamos para tocar eram famosos. O pessoal era muito exigente, então tínhamos que caprichar. Dos que trouxemos e fizeram sucesso foi Casino de Sevilha, uma orquestra argentina, e Gretchen”, lembra Clóvis.
Apesar do conservadorismo cultural da época, Veloso lembra um fato curioso, que no bar do Clube Social vendiam-se “lanças-perfume”, psico-trópico proibido no Brasil nos dias de hoje.
Pedro Rocha, 78, era um dos freqüentadores assíduos da “Hora Dançante”. Ele lembra que o pessoal ia ao Clube para dançar e encontrar com os amigos, num período que Arcos era rural e só tinha três carros, pois os outros veículos eram caminhonetes, mais apropriados para fazendas. “Colocava-se 12 discos na radiola e era o suficiente para a noite inteira”, conta Pedro.
Apesar de Clóvis não saber com precisão até que data o Clube Social manteve-se aberto, ele acredita que tenha sido até meados dos anos 70, data em que a Sociedade foi transferida para outro local e tornou-se o Clube que se tem hoje na cidade.


Tio Patinhas/ Varanda

Percebendo a necessidade de ter um ambiente para o entretenimento familiar em Arcos, os irmãos Délcio Cândido Ribeiro e Geraldo Cândido Ribeiro (Catitu) lançaram o Tio Patinhas, em 1973. O local nasceu como lanchonete e restaurante, e posteriormente, abriu-se um espaço para a discoteca. Délcio lembra que na época mulheres não entravam em bares. “No bar do Idolves, por exemplo, as senhoras iam comprar pão e ficavam na porta do recinto. O atendente tinha o trabalho de ir e voltar para pegar o pão e o troco”. Para quebrar esse tabu, Ribeiro deu cortesia aos colegas de trabalho da empresa em que trabalhava para ir com suas esposas e filhos ao Tio Patinhas no dia da inauguração.
Délcio conta que foi um sucesso de público. Havia um cantor e violinista que animava o pessoal, aos domingos, logo depois da missa matutina, já que o Tio patinhas é em frente a Praça Floriano Peixoto, onde fica a Igreja Matriz.
O nome do local se deu pelo simples fato de que Délcio tinha como passatempo ler revistas em quadrinhos, e um amigo lhe deu a idéia de colocar este nome em homenagem a um dos personagens mais famosos dos Estúdios Disney: Tio Patinhas. “Coloquei e acabou pegando, porém, depois tive que retirar o ‘s’, por causa dos Direitos autorais, apesar de todos ainda proferirem o nome no plural”.
De acordo com o proprietário, o Tio Patinhas tornou-se muito movimentado devido ao posicionamento, porque todo movimento da cidade se convergia para a Praça central, porque os bairros não eram auto-suficientes como são, atualmente.
Por volta de 1980, Délcio desentendeu-se com o irmão e resolveu empreender o próprio negócio, criando o bar e discoteca Varanda, nome que explica a arquitetura do bar. A casa noturna tornou-se muita badalado. Délcio lembra que geralmente abria o bar às 20h:00 e se, porventura, atrasasse por cinco minutos tinha problemas em administrar a entrada dos clinetes, por causa do número elevado de pessoas.
Era o auge das discotecas e o pessoal saía exclusivamente para dançar, ao som de Madonna, Michael Jackson, Cazuza, Gênesis, as quartas, sextas, sábados e somingos, dias em que a Varanda funcionava. O movimento começava às 20h:00 e terminava até 24h:00.
Hoje, todos os dois locais permanecem na ativa, porém não com o mesmo brilho de outrora. O Tio Patinhas preserva o nome, mas não é mais uma lanchonete e restaurante, mas promovem-se festas com Djs no local que hoje é chamado de “Porão”, e a Varanda é um bar, freqüentado, mais por homens.

Zeppellin e Chalé


Nessa mesma vertente dançante, surgiu o bar e discoteca Zepellin em 1979, de propriedade de Marcos Vinícius e Elmo Soraggi, na Avenida Governador Valadares, no segundo andar de um prédio que se mantém na mesma estrutura colonial, do lado da Oficina do Pastel. De acordo com Elmo, a composição física do bar e discoteca era uma pista de dança com isolamento acústico, com as paredes todas revestidas de espelhos, piso xadrez preto e branco. O teto era repleto de luzes multicores; um terraço, espaço livre em que as pessoas poderiam descansar da dança e bater um papo, além do Scotch bar, que ficava ao lado do terraço, decorado com mesas e cadeiras de madeiras, onde vendia-se petiscos, frios e vinhos.
Marcos Aurélio Soraggi (Lelo), irmão de Elmo, lembra que a época ficou conhecida como o “tempo das brilhantinas”. “As boates só tocavam Jonh Travolta”. Sandra Soraggi, esposa de Lelo, conta que os jovens saíam com o objetivo de dançar, porque foi na época em que as discotecas “estouraram” no mundo. Ela conta que os homens usavam calças sociais pretas, camisetas brancas com suspensórios coloridos e sapatos com bicos bem finos.
Um fato lamentável que marcou a história dos jovens que viveram aqueles tempos foi ato de vandalismo que aconteceu no Zeppellin. Sandra lembra que no período existia muita rivalidade entre as cidades vizinhas. Portanto, em um dia de festa na discoteca alguns arcoenses desentederam com alguns formiguenses. Lelo relembra: "a briga começou na escadaria, porque um rapaz formiguense mexeu com a esposa de alguém. Como o Zepellin ficava no segundo andar todas as pessoas ficaram acuadas, porque trancaram a porta. Então, algumas pessoas começaram a se defender e outras pularam a janela. Muita gente saiu machucada, e o bar foi quase todo destruído”, relata Sandra. Apesar disso, ela afirma que o Zeppellin marcou a história da vida social em Arcos, por ter sido a primeira boate de Arcos com aspectos físicos de uma autêntica casa noturna.
O nome da discoteca veio da banda de rock, Led Zeppellin, que inovou o cenário musical na década de 70 com um vocal agudo e guitarras distorcidas.
De acordo com Elmo, o espaço manteve-se aberto durante pouco tempo, de seis meses a um ano.
Outro barzinho que fez sucesso, por sua originalidade e aspecto vanguardista-underground foi o “Chalé”, também de propriedade de Elmo Soraggi, e do ano de 1979. Conforme Elmo, o local funcionou cerca de três anos, sendo que esse era um lugar de reunião dos amigos nos finais de tarde, uma espécie de ponto de encontro, em que decidiam para onde iam.
O Chalé era um barraco, com varanda, com formas de um chalé nos fundos de um terreno, na Avenida Governador Valadares. “A iluminação era suave, os bancos e as mesas eram rústicos, o que proporcionava bem-estar e descontração”.

terça-feira, maio 09, 2006

O Percurso

Caminhando rumo à faculdade, todos os dias, deparo-me com o inevitável, com a rotina de se encontrar as mesmas pessoas nos mesmos lugares. Um ensaio de uma peça interminável que nunca se realizará, a não ser no palco de minha mente que direciona os meus passos e fadiga meu senso de repetição diária.
Passo em frente a uma casa, aliás, de várias casas, embora, essa seja especial pelas pessoas que lá sempre estão e vivem a me cutucar, a me lembrarem que a vida não se passa de um conto de “tic-tacs”, e que a minha cabeça não contabiliza tantos números. Nessa morada há uma senhora que foi felicitada pela perda da memória, se esquece das horas e não usa relógio, acompanhada de seu filho com problemas mentais, e vivem a me perguntar também as horas, mas, apesar de não ter perdido a memória também não tenho relógio. Eles, geralmente, ficam no alpendre da casa, por isso, o fatal encontro, que move-me para um ciclo vicioso aterrorizante.
A rua da casa é parte de uma bifurcação, tem grandes árvores e pequenos banquinhos, alvo dos preguiçosos que se deliciam em descansar na rua, após o almoço; e também é em frente a uma linha ferroviária, o que torna as casas mais frágeis, as quais tremem quando o trem passa e as pessoas que habitam essas fremem mais ainda com medo do comboio invadir as pequenas moradias delas sem avisar, ou melhor, sem apitar.
Geralmente, passo por lá pela manhã com a bolsa a tira-colo, uma pasta cheia de papéis a mão e a cabeça fresca. Sem fazer cara de desespero, sorrio e olho para o céu, para o V traçado pelos pássaros, como eu li no livro de Lima Barreto, o V de vai incentiva-me a ir, a seguir os segmentos dos meus desígnios, e direciono meu olhar também para as nuvens que me lembram algodão-doce. E às vezes chuto pedras...
Nem sempre rumo ao mundo acadêmico, mas sempre por este caminho, sempre por essa rua, encontro-me com a senhora e seu filho a toda hora, que sempre me fazem as mesmas perguntas.
Entre um percurso e outro, ando, visito amigos, olho vitrines, faço entrevistas e também existe a possibilidade de não se fazer nada.
Ao retornar para a faculdade, chego à rua da senhora e do rapaz. A senhora sorri com ar de quem me conhece há anos e pergunta-me: Você está voltando ou indo para escola? Não sei o porquê da pergunta. Talvez seja pela pasta de papéis, pelo estilo infantil, não sei... Ela não se sente satisfeita com a resposta e ainda pergunta, mesmo vendo que não tenho relógio no pulso, quantas horas são. Digo para ela que estou indo estudar e que não sei as horas, infelizmente. Sigo pensando porque ela me pergunta aquilo todos os dias.
No dia seguinte, lá está ela com a pergunta na ponta da língua: “Você está voltando ou indo para a escola? Então, quantas horas deve ser?”. Respondo: Estou indo para a escola. Ela insiste para que eu diga as horas. Acabo dando um palpite: devem ser sete horas.

segunda-feira, maio 08, 2006

Taciturno
















Taciturno
Mudo de turno
Ou é o turno que muda-me?
Mudo fico
Envergado em meus inúmeros pulsos abertos, me entregaria para tudo
Num impulso latente só...
Contudo,tudo aquilo se foi...
Confuso...
Uso de minhas poucas habilidades para organizar meus parafusos
Furto-me os sonhos, perco o fuso...
Difuso, meus olhos não conseguem discernir o teto e o chão
Fecundo, meu mundo não se livra desse terrível escorpião
Neste minuto sinto-me no limiar do enfado
Corro, tropeço, levanto, canso do fardo
Onde estará o soldado das cores?
que cura as dores
E me faz sentir bons e simples odores
Taciturno
Canso-me do mundo
Do comando
e da comanda que manda
do dito e do não-dito
do esquisito
e daquilo que é bem sentido
Ardido
Sentimento pudico
que me deixa
perdido
ido
doído

óoooooooo...



ps: data de escrita: 07 de maio - 00.00

terça-feira, abril 25, 2006

De bar em bar muitas histórias a contar














O ponto de encontro da juventude na década de 60 e 70 era no Gamelão, primeiro bar de Arcos, e também no Chapéu de Palha



Era final da década de 60 e o desenrolar dos anos 70. Período marcado, definitivamente, pela a institucionalização da censura e o auge da repressão política, devido ao Golpe Militar de 64. Os artistas Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Geraldo Vandré e Elis Regina, defensores de uma política ativa e esquerdista ganharam a inimizade do regime ditatorial e tiveram suas canções recriminadas e banidas da circulação nacional. O governo repressor com intenções de alienar o povo brasileiro agiu de forma que a MPB desaparecesse das rádios, cedendo lugar às músicas da Jovem Guarda e ao rock internacional, como os Beatles, Led Zeppelin e Deep Purple. O “Glam Rock”, o excêntrico rock com purpurina, referenciado pelo ícone musical David Bowie, e no Brasil, pelo grupo “Secos e Molhados” também fazia parte das paradas do sucesso, assim como o “belisquete”. A moda evidenciada pelas tendências singulares permitia que as mocinhas mostrassem mais o corpo com as míni-saias, os topes “tomara-que-caia”, enquanto os homens se trajavam com as calças bocas de sino e as camisetas justas de botão. O Estado de Minas Gerais, especificamente Belo Horizonte, recebia essas influências do eixo Rio - São Paulo, que por sua vez refletia nas pequenas cidades do interior.
Neste contexto, Arcos estava em um processo de transição, deixando de ser um município, essencialmente agrário, para se tornar industrializado e urbano. A população era estimada em 20 mil habitantes, embora, a cidade recebesse um grande número de imigrantes, que vinham para trabalhar nas indústrias extrativas. Bailes e “horas dançantes” era a forma que os moradores tinham de se entreter no Clube Social (único espaço de festas), até surgir os primeiros barzinhos, verdadeiros pontos de encontro da juventude. A cidade era bem pequena e aconchegante de tal forma que era muito mais fácil a integração e aglomeração das pessoas.
Quem viveu as décadas de 60 e 70 em Arcos jamais esquece os dois bares que marcaram a história social do município, o pioneiro, Gamelão, e o Chapéu de Palha, ambos de natureza rústica.

O precursor: Gamelão

Inaugurado no dia 21 de janeiro de 1968 por Expedito Rezende, arcoense já falecido, e por sua esposa Maria Carmelita de Rezende e filhos, o espaço nada convencional era caracterizado por três itens: o capim, o bambu e a madeira. Tinha o teto todo de capim e era todo contornado por bambus; as cadeiras e as mesas eram de madeira, todas redondas, localizadas nas laterais, pois no meio se formava a pista de dança. Os banquinhos que se pareciam com tamboretes eram grudados no chão de cimento liso. O bar se localizava onde é a loja Eletrozema, hoje, na Rua Gétulio Vargas.
A denominação do lugar se deu pelo fato do formato do local ser uma grande gamela virada de cabeça para baixo, por isso a palavra no aumentativo: Gamelão, inclusive o símbolo de inauguração foi uma gamela ornamentada com flores.
De acordo com Eliana Resende Borges, filha de Expedito, o Gamelão foi o primeiro bar de Arcos, isto é, que proporcionava ampla integração social e uma constante programação de eventos. Afinal, já existiam outros bares, porém de movimentação quase restrita a homens, como o do Idolves, do Vivi e do Zé Pires.
O Gamelão não era simples bar, mas era um espaço alternativo em que se promovia comemorações de datas cívicas, casamentos, desfiles, festas de carnaval e bailes de reveillon. Á noite, o som do bar provinha dos antigos LPs e nos finais de semana tinham shows ao vivo.
O primeiro conjunto musical da cidade “Os Jovens”, ativo até 1971, era marca carimbada do Gamelão. Eles animavam quase todos os finais de semana da moçada. “Tocávamos o que fazia sucesso na época: Os Incríveis, Vanderléia, Roberto Carlos, Vanderlei Cardoso, além de releituras de músicas dos Beatles, a banda que dominava o mundo na época”, lembra João Teixeira da Silva, 59, guitarrista da banda e freqüentador do bar.
João conta que as festas eram muito agradáveis e era onde realmente os jovens se encontravam para bater um bom papo e se divertir, e era tão bom, ele frisa, a ponto de ele e alguns amigos matarem aulas à noite para irem para o Gamelão. Ele ainda conta que “Os Jovens” chegou a tocar algumas vezes no Chapéu de Palha.
A arcoense Delorme Soraggi de Amorim, 55, era namorada de um dos integrantes da banda e adorava ir ao Gamelão. “O ambiente era muito saudável e receptivo. Todos interagiam, ficávamos conhecendo muitas pessoas, jogávamos dama, dominó e baralho”.
Para manter a ordem e o bom funcionamento do bar, e conseqüentemente ter um público seleto, Expedito Rezende permitia a entrada somente de pessoas que apresentassem a carteira de sócio do Clube Social ou que estivesse acompanhado por algum freqüentador assíduo. “Quem já estava muito bêbado não entrava. Meu pai queria que o Gamelão fosse um ambiente saudável e fraterno, que a sociedade de Arcos freqüentasse com tranqüilidade”, lembra Eliana.
Depois de cinco anos de funcionamento, em agosto de 1973, o calor da convivência dos freqüentadores assíduos do bar foi ‘superaquecido’ por um incêndio. Era uma tarde quente e de muita ventania, ambiente climático comum do mês oito, quando o fogo começou a lastrar na parte superior do teto. “Todo mundo ficou desesperado para apagar o fogo logo. Meus irmãos começaram a subir e jogar água, e em poucos minutos várias pessoas juntaram-se para fazer uma corrente para repassar baldes de água para quem estava no teto. A polícia gritava e ninguém obedecia. Foi legal, porque todos queriam ajudar. Os funcionários da antiga Transcálcio até vieram nos ajudar com extintores. A turma era tão animada que se mobilizou para arrumar o bar e cobrir o teto com lona, para que ele funcionasse normalmente naquele dia”, lembra Eliana.
A família desconfia que tenha sido alguma ponta de cigarro ou algo parecido que tenha desencadeado o incêndio, mas até hoje nada foi comprovado.
Um ano depois, Expedito Rezende vendeu o Gamelão para Olívio, quer manteve o bar na ativa por cerca de mais dois anos.


Chapéu de Palha


Antes disso, havia sido criado em 26 de julho de 1969 um lugar semelhante ao primeiro bar de Arcos, o Chapéu de Palha, por Ayrard Olivério Siqueira, em frente a Praça central da cidade. Semelhante ao Gamelão em relação aos aspectos físicos, diferenciava quantos aos serviços, pois funcionava como restaurante/churrascaria durante o dia e à noite como boate. “Até as 22h:00 tocava-se discoteca, das 22h:00 às 24h:00 samba, e de 24h:00 às 02h:00 só rodava discos de música lenta para dançar a dois”, lembra Ayrard. Em 370 metros quadrados, o Chapéu de Palha disponibilizava 76 mesas e 320 cadeiras, sendo que o funcionamento do restaurante/boate era diário.
O investimento foi muito bom para Arcos, diz o proprietário, porque não existiam restaurantes no município, e as pessoas, sem escolha, eram obrigadas irem a Formiga para almoçarem em um restaurante chamado Capri. Para oferecer variedades no cardápio, Siqueira tinha andar longe para comprar ingredientes, devido à falta de um bom supermercado local. “Quando precisava de peru da Sadia ia até Divinópolis para comprar”, conta.
O restaurante foi lugar de passagem por várias personalidades, entre eles, políticos e atletas. “Certa vez, o time do Cruzeiro veio jogar em Arcos e foram todos almoçar no Chapéu de Palha”. Ayrard lembra que a Praça ficou lotada de curiosos e fãs do time.
Com exceção das mulheres, a entrada no Chapéu de Palha era cobrada nos dias de festa. O proprietário acredita que este macete era a chave do sucesso de seu bar. “As mulheres nunca pagaram entrada no meu estabelecimento. Isto atraía os homens, mesmo que o preço que eles pagassem fosse mais caro”.
O Chapéu de Palha também foi incendiado em 1972, um ano antes do Gamelão. No dia, estava acontecendo uma festa de bodas de prata e fogos foram soltos em comemoração. Fatalmente, um deles caiu no teto de capim, provocando o incêndio. Ayrad lembra que a destruição do fogo causou um prejuízo enorme, porque o Chapéu de Palha foi queimado por inteiro.
Quanto aos comentários de que no Chapéu de Palha, negros não podiam entrar, Ayrard rebate e afirma que não é verdade. “Lá podia entrar rico, pobre, preto e branco, desde que tivesse um bom comportamento. Às vezes tinha algum preto que fazia bagunça e eu não o deixava entrar, novamente, mas não era por causa da cor, mas sim pelo procedimento inadequado. Muitos deles procuraram o juiz para me processar, mas não dava certo, porque o juiz via que não era o verdadeiro o argumento, porque ele chegou a averiguar o bar, em um dia, e lá dentro tinha muitos negros”.
O proprietário acredita que agiu bem e que seus procedimentos com seus clientes eram pela manutenção da ordem e paz no local.
O Chapéu de Palha durou até 1989, época em que a cidade já havia modernizado e a concorrência entre os estabelecimentos de entretenimento era bem maior.

quarta-feira, abril 19, 2006

Amor versus fronteiras





Brasileiro e norte-americana romperam a distância e se uniram depois de namorarem quatro anos por meio de cartas, na década de 80




Atualmente, é normal se ver estudantes brasileiros fazerem intercâmbios em outros países, principalmente os de língua inglesa, para terem fluência em outro idioma e se garantirem no mercado de trabalho. Porém, o contrário também acontece, e muitos estrangeiros se interessam em conhecer a cultura brasileira e a língua portuguesa. A norte-americana Rebecca Pimentel dos Santos conta sua história de vinda para o Brasil com um sotaque carregado, mas com o jeitinho mineiro adquirido, após quase 10 anos de moradia em Arcos. Sua vontade em conhecer outras culturas e outros países foi impulsionada por uma experiência de trabalho voluntário que teve em Guatemala, em 1980, quando tinha apenas 16 anos. Ela se encantou com a diversidade cultural, com a diferença lingüística e o ambiente diferente ao que estava acostumada na América.
A escola em que estudava nos Estados Unidos também tinha intercambistas de vários países, fato que instigava a curiosidade de Rebecca a aprender outros idiomas e conhecer outras nações. “Era interessante acompanhar o esforço e a inteligência de uma pessoa em aprender o inglês”, lembra.
Então, em 1981, teve a oportunidade de providenciar a sua viagem, já que o Rotary da cidade em que morava abriu vagas para três estudantes que se interessasse em estudar no exterior, sendo que os destinos eram o Japão, Finlândia e Brasil. Apesar de Rebecca ter planejado estudar na Itália, por forças do destino ou não, ela veio para o Brasil (Arcos), porque havia um arcoense que se interessava em ir para os Estados Unidos, também pelo Rotary. Portanto, resolveu-se fazer uma troca; o arcoense foi para Gaylord (Minnesota), cidade natal de Rebecca, e ela para Arcos.
Sem falar uma palavra em português, a jovem de 18 anos se desafiou e acabou por vencer a batalha. Durante um ano que ficou na cidade, ela morou na casa de quatro rotarianos arcoenses, aprendeu a língua e fez amizades, e mais do que isso estabeleceu um laço de amor com um rapaz arcoense, Gaspar Pimentel dos Santos.
Com a esperança de um dia poder encontrá-lo novamente, Rebecca voltou para os Estados Unidos com o coração no Brasil. O rapaz, também apaixonado ficou sem saber o que fazer, pois na época, não se tinha a facilidade de comunicação que se tem hoje com a Internet e os comunicadores de mensagens instantâneas, como o MSN Messenger; até mesmo conversar pelo telefone era difícil, pois as tarifas tinham preços exorbitantes. Entre o arrebatamento da paixão, dos primeiros flertes e do pesar da distância, eles trocaram cartas todas as semanas durante quatro anos; comunicaram-se assim como grandes casais fizeram no passado quando se encontravam distantes um do outro, como Jorge Amado e Zélia Gattai ou Machado de Assis e sua namorada portuguesa Carolina,ou ainda Marina Colasanti e Affonso Romano de Sant'Anna, correspondências estas que ganharam ou ganharão valor literário. Hoje, todas as cartas de Rebecca e Gaspar estão guardadas em uma caixa de madeira, como um tesouro que simboliza a união dos dois.
Em 1986, Rebecca voltou ao Brasil para rever Gaspar e para discutirem sobre o casamento, entretanto por causa das burocracias não foi possível concretizar o laço matrimonial desta vez. A jovem retornou para seu país aos prantos, mas sem desistir de seus sentimentos. A partir daí, Gaspar tentou conseguir o visto para ir ao Estados Unidos e não conseguiu. Foi aí que ela teve a idéia de pedir ao Consulado Americano um visto de noivo para Gaspar. A permissão foi concedida, Gaspar foi para os EUA (Estados Unidos da América) e tinha 90 dias para se casar. Ele chegou ao país em dezembro de 1986 e se casaram em janeiro de 1987.
A norte-americana lembra que o marido conseguiu um emprego muito bom e que ela estava bem empregada, tiveram duas filhas, a Ashley, 15, e Juliana, 12. Entretanto, o tempo passou e Gaspar começou a sentir saudades do Brasil, porém Rebecca não quis mudar-se para cá na época por causa da alta inflação da moeda brasileira.
Foi a partir da implantação do Plano Real, que Rebecca começou a pensar na hipótese de mudar de país. Nessa mesma época, ela ficou desempregada, após um período os pais faleceram e as filhas estavam em fase de entrar na escola. “Os laços que eu tinha em minha terra começaram a ser desfeitos, então tive coragem de mudar”.
Em 1997, a família veio para o Brasil de “mala e cuia”, pois trouxeram todos os móveis e utensílios da casa em que viviam nos Estados Unidos. Eles vieram de avião, e a mudança veio em um navio, um contêiner de 20 pés. O transporte demorou 18 dias para desembarcar no porto de Santos e ficou em cinco mil dólares, na época.


Adaptação


Rebecca pensou que no início seria fácil, porque ela já conhecia a família do seu esposo, tinha alguns amigos e já conhecia a cidade, entretanto, ela diz que foi muito difícil, porque estava vivendo um contexto bem diferente daquele em fez o intercâmbio. As filhas entraram na escola e precisavam aprender a língua portuguesa, tinha que construir a casa e se adaptar aos hábitos alimentares. “Você chega e tudo parece muito difícil no início, fiquei com medo de investir em algo”.
Ela lembra que teve dificuldades com o “arroz e feijão” todos os dias e até hoje não gosta, mas está aprendendo a gostar mais de feijão quando se coloca bacon e também com o horário das refeições, pois como ela diz a principal refeição nos EUA é o jantar. Quanto a cidade, a imigrante diz que acha Arcos uma cidade agradável e limpa, porém com pouco lazer a oferecer.
Porém, logo, Rebecca foi procurada para dar aulas de inglês e o empreendimento surgiu naturalmente. Ela iniciou com aulas individuais em sua casa, até alugar um apartamento na Galeria Rodrigues, onde funciona sua escola “The English Connection”.
A norte-americana leciona em três turnos para mais de 100 alunos, que vão desde nove até 50 anos de idade, ou seja, para todos os níveis de conhecimento do inglês. Além disso, ela dá aulas individuais, faz trabalhos como tradutora e intérprete.
Uma das pretensões de Rebecca é fazer uma conexão de sua escola com o EUA, para promover intercâmbios e facilitar viagens de arcoenses aos Estados Unidos. E um grande sonho é que uma das músicas que escreve em inglês faça sucesso no Brasil, além da pretensão de escrever um livro sobre seus causos no Brasil. “Se a música “The book is on the table” fez sucesso eu também posso conseguir”, brinca.

domingo, abril 09, 2006

Sinestesia

Em teus olhos ouço a tristeza, alegria de meus ouvidos
Que não podem ver o teu coração gemendo
Como uma bela flor se desfolhando
Lágrimas roxas, vermelhas e rosas
Adorna-te

Sim, és a mais bela de todas
Falas sem dizer
Amas sem enlouquecer
Vives sem morrer


Distante, no desértico existir
Tua voz ressoa, ressoa, oaoaoaoa
Sem dizer, sem falar, sem viver, sem morrer com chorar


Cala-te amada minha
Tua alma a de encontrar-me
Encontrar-te

Oa, oa, oa, oa
Rrrrrrrrrrrrrrrrrr
Há, há, há, há

A vida é um labirinto
A saída não existe
A criação é tua
Não chores no meio do caminho

terça-feira, abril 04, 2006

É preciso saber Vencer

Sociedade de Apoio ao Paciente com Câncer de Arcos destaca-se na região pelo seu trabalho voluntário de amor e dedicação ao próximo



O pacifista indiano Mahatma Gandhi dizia: “A única revolução possível é dentro de nós”, e com razão, estava querendo dizer que o ser humano só poderia mudar algo no mundo, depois de passar por uma autotransformação. Aparecida de Fátima Rodrigues, 50, vive e prega esta idéia. Depois de sofrer oito anos, devido ao câncer na mama e na garganta e aos tratamentos de quimioterapia e felizmente ser curada, colocou-se na posição de alguém que tem uma segunda chance de viver para cumprir um determinado objetivo. E criou, junto a Assistência Social municipal e Secretaria de Saúde de Arcos, a Sociedade de Apoio ao Paciente com Câncer Vencer, no dia 26 de agosto de 2002.
Desde então, Aparecida tem sido a presidente da entidade, que é filantrópica e tem como base o voluntariado. Ela conta que teve a idéia de criar a Sociedade antes de se livrar da doença, porque sofria e via o sofrimento dos outros pacientes que necessitavam ir, regularmente, a Belo Horizonte para se tratarem. “No ônibus não é proibido fumar, e quem faz quimioterapia fica sensibilizado a tudo; a fumaça irritava bastante.Eu sempre achava que nós tínhamos que ter mais privacidade e cuidados especiais”, conta.
No início, as reuniões aconteciam na Casa de Cultura, até a entidade receber da Prefeitura Municipal um cômodo na Rua Jarbas Ferreira Pires, 201, onde estabeleceram a primeira sede, e é onde funciona, hoje, o bazar que gera renda para associação, sendo que o dinheiro arrecadado é utilizado para o pagamento de consultas e necessidades básicas dos pacientes.
Entretanto, foi em setembro de 2005, que a Sociedade Vencer deu um salto e inaugurou o Núcleo Regional de Apoio Assistencial e Prevenção de Câncer. O núcleo funciona em uma casa alugada na Avenida Governador Valadares, 493, e oferece atendimento fisioterápico, psicológico, massagem, além de promover terapia ocupacional, duas vezes por semana.
Aos seus 56 pacientes cadastrados, a Sociedade Vencer doa cestas de alimentos, frutas, legumes e suplementos alimentares, todo mês. Os pacientes também podem obter ajuda para o pagamento de exames de rotina. Para um paciente se registrar na entidade é necessário que ele apresente uma biópsia que conste que tem câncer ou a suspeita da doença.
A presidente Aparecida diz que apesar de ter alcançado mais do que imaginava quando idealizou a sociedade, tem grandes sonhos para a instituição. Três deles é a aquisição de um automóvel, para facilitar o transporte dos pacientes, a admissão de um oncologista para fazer um trabalho de prevenção eficaz e também, a conquista de um terreno para construírem uma casa própria da instituição.
A Sociedade Vencer, embora seja declarada entidade com fins de utilidade pública ainda não recebe subvenção da Prefeitura de Arcos, portanto, a instituição conta com o trabalho de 30 voluntários e com doações da comunidade arcoense e de empresas privadas da cidade. “Agradeço aos moradores e às empresas da cidade que têm contribuído para a manutenção da sociedade”, diz Aparecida. De acordo com a presidente, a associação tem 1.500 doadores que contribuem todo mês.
Os voluntários da Sociedade Vencer vivenciam o dia da instituição com muita realidade e dedicação, pois muitos deles já tiveram câncer e outros perderam parentes com a doença. Sinomália Jacinto Alves Marques, 40, já é voluntária há três anos. Ela perdeu um filho de 18 anos há um ano, com leucemia. Com uma expressão de alegria, ela se diz satisfeita e gratificada por estar doando o seu tempo, amor e dedicação aos pacientes da casa. “Acredito que tudo que fazemos pelas pessoas na Terra, fazemos por Jesus, portanto meu trabalho na Sociedade Vencer proporciona-me paz e conforto. É tão bom ver os pacientes felizes depois de receberem um sorriso e um abraço”, afirma.
Maria Aparecida Correia, 37, está há um ano cadastrada na Sociedade como paciente. Ela compartilha com os outros a sua experiência de viver sete anos com um câncer na mama e ser curada. Maria diz que a troca de experiências é muito confortante. “Às vezes encontro alguma paciente que está triste, abatida por causa da doença e aí conto a minha história e a pessoa logo se anima”, conta.
O paciente Geraldo Eustáquio, 56, também acredita que a socialização entre os associados é o grande lucro. “Ajudamos e somos ajudados”, completa.
A Sociedade Vencer contratou uma empresa de telemarkteting para angariar fundos para entidade. Para quem deseja contribuir com a instituição basta ligar para: (37) 3351-43-48 ou (37) 3351-23-10.

quarta-feira, março 29, 2006

Há sim, entre estranhos, pessoas conhecidas.
Você se tornou uma delas. ...
VOCÊ...
Palidez, embriaguez, rapidez se entrelaçam e trazem continuamente o sorriso nos seus lábios...
Lábios?
Lábios que não sabem o que proferem, mas possuem uma delicadeza perceptível. Eles trazem à tona o irreal do real dos seus olhos. ...
Olhos?
Transmitem uma confluência de desespero, fragilidade e esperança, ocasionando o apalpar de suas mãos no quarto escuro da vida. ...
Mãos?
Mãos tais, que constroem dia após dia um enigma, inconscientemente...
Instigando a decifração das mentes que o vê, inclusive da que escreve. ...

quarta-feira, março 22, 2006

"Livro dos nuncas"

Você já pensou nos seus "nuncas"? Aquelas coisas nunca feitas, mas inerentes à todo ser humano ansioso de vida pulsante, e não quer dizer que você tenha que fazer ou realizar.. Algumas pessoas dizem que nunca podemos dizer nunca...
Eu acho isto um equívoco, pois a própria frase é unilateral!!!
Bem, pois eu penso, falo e escrevo muitos "nuncas", inclusive o meu "livro dos nuncas". A lista serve como desencargo de consciência para uma mente que não cabe em si de tanto pensar, e que apesar disso tenta se manter sã !!! Tive a idéia de fazer esta lista, quando nem mesmo tinha feito algumas coisas simples do cotidiano que todos fazem!!! Agora com uma nova roupagem ela ganhou um tom poético, mas sem ter aquele tom de "impossibilidade" que a palavra "nunca" denota e sem o tom de "obrigação" de se cumprir tais idéias que um dia eu impus a mim mesma... Portanto, deixo bem claro que este texto não se reflete em frustação, mas sim em dialética, flexibilidade e auto-desafio!!!Pois, assim como disse o sábio Mário Quintana, não existem sinônimos mais perfeitos do que "nunca" e "sempre"!!!! Ah, também sei que poderia acrescentar um "mas" a cada um destes versos, mas prefiro deixar como está!!!

A sensação do nunca

Eu nunca dancei e beijei na chuva
Eu nunca fiz pacto de sangue
Eu nunca fui ao Louvre
Eu nunca morei na praia
Eu nunca viajei pelo mundo
Eu nunca conheci o mundo
Eu nunca publiquei um livro
Eu nunca entendi a paixão
Eu nunca entendi o amor
Eu nunca ouvi o barulho das asas de uma borboleta
Eu nunca beijei como um beija-flor
Eu nunca salvei uma vida
Eu nunca fui ao paraíso
Eu nunca voei
Eu nunca dormi num colo de alguém
Eu nunca andei de montanha-russa
Eu nunca disse "basta"
Eu nunca disse sim
Eu nunca disse não
Eu nunca fui mãe
Eu nunca fui filha
Eu nunca desmascarei um corrupto
Eu nunca fui criança
Eu nunca fui adulta

segunda-feira, março 20, 2006

Um perfil de Arcos

Apenas 67 de anos de emancipação político-administrativa e o município de Arcos já se destaca na região Oeste de Minas Gerais pelo desenvolvimento acelerado.
Com uma área territorial de 510 quilômetros quadrados, uma população estimada em 35.390 habitantes a cidade é a 26º colocada em Minas Gerais no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) com um percentual de 0.808. A nível nacional, o IDH de Arcos fica em 410º lugar entre os 5.560 municípios do Brasil, de acordo com os critérios de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (esperança de vida ao nascer) e renda (PIB per capita).
Conforme os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), do censo de 2002, a cidade tem o PIB (Produto Interno Bruto) somado em R$ 235.269 e o PIB per capita em R$ 7.531.
A principal base da economia do município é a industrialização, que se iniciou com as fábricas de curtume, manteiga, pente, violino, aguardente e serrarias. Depois, descobriu-se a riqueza do subsolo, e vieram as indústrias extrativas. Como a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), produtora de aço, que adquiriu a jazida, em 1956, e iniciou a operação em 1977 e está em atividade até hoje. Além da CSN, no município existem as indústrias Lafarge Cimentos, a Imerys, Lagos, Itaú, Agrimig, Arcal, Mineração João Vaz Sobrinho e Calcinação Cazanga. No setor educacional, Arcos é referência na região pelo grande número de escolas: dez municipais, seis estaduais e nove particulares (do ensino infantil ao pré-vestibular), além de ter duas universidades, a UNIPAC (Universidade Presidente Antônio Carlos) que oferece o curso Normal Superior e a PUC (Pontifícia Universidade Católica) que é a maior universidade privada do estado e a quinta do país em número de alunos.
Com 46 anos de história em Minas há seis anos a PUC instalou o campus em Arcos. Atualmente, a universidade oferece cursos de graduação nas seguintes áreas: Administração, Comunicação Social, Direito, Psicologia e Sistemas de Informação e de pós-graduação na mesma área, com exceção de psicologia.
A cidade tem uma grande população flutuante devido a esta gama de possibilidades que oferece para estudantes da região. Para se ter uma base só da PUC são mais de 2.300 estudantes de mais de 50 cidades e 131 professores. Muitos residem em Arcos no período letivo, contribuindo para o desenvolvimento cultural, econômico e social do município.
Apesar de a cidade ter uma potencialidade turística pouco explorada, ainda pode-se fazer belos passeios pelo Poliesportivo Municipal conhecido pela piscina olímpica e pelo parque, onde se encontra um cenário florestal, tucanos, micos e coelhos as soltas e também pelo Corumbá, área ambiental e industrial, onde se localizam as pedreiras de calcário, o Núcleo Museológico e a Estação Ecológica. As pessoas também podem se entreter com os espetáculos de dança e teatro nacionais e regionais que acontecem no anfiteatro da Casa de Cultura.


Um breve histórico


Consta no histórico do município, que Arcos foi fundado em 1729 pelos irmãos Manoel Ribeiro de Morais e Antônio Ribeiro de Morais, porem foi no dia 17 de dezembro de 1938, através do decreto-lei estadual de nº 148, assinado pelo governador Benedito Valadares, que o distrito tornou-se município, e deixou de ser subordinado a cidade de Formiga. O primeiro prefeito da cidade foi o coronel José Ribeiro do Vale.
Em 1829, construiu-se a primeira capela, dedicada a Nossa Senhora do Rosário. Concluída a construção, formou-se um arraial, que por ato da Câmara Municipal de Formiga, aprovado pela Lei Provincial nº 239 de 30 de novembro de 1842, tornou-se distrito. Em 1853, foi inaugurada a primeira Igreja matriz de Nossa Senhora do Carmo, em 12 de novembro de 1916 foi instalada a primeira escola e em 1931 o primeiro grupo escolar.
No ano de 1939, a cidade tornou-se servida por água potável, canalizada, dispondo de um depósito de 100.000 litros. A nascente da água captada ficava a 5 Km da sede municipal.
A data “16 de julho” é o dia da Festa da Padroeira de Arcos, Nossa Senhora do Carmo. Durante muito tempo foi considerado o Dia da Cidade, mas com a promulgação da Lei Orgânica Municipal, em março de 1990, que formalizou o Dia da Cidade em 17 de dezembro (data de emancipação política do município), as festividades se desencontraram.
Mas como é difícil a lei revogar a tradição e desmanchar as marcas na vivência popular, a população continua, comemorando as duas datas no mesmo dia 16 de julho. Este é o dia de festa na cidade, em que acontecem desfiles, gincanas e solenidades religiosas.


A origem do nome


A origem da toponímia “Arcos” é contada em cinco versões. A versão mais comum é mais conhecida pela população, é de que os tropeiros deixavam os arcos de barril na passagem do córrego para indicarem o rumo da estrada boiadeira que seguia para o sertão da Farinha Podre (Triângulo Mineiro).
A segunda é a abundância das palmeirinhas, uma planta semelhante ao bambuzinho, com lascas apropriadas à confecção dos arcos de peneiras.
A terceira: o Córrego do Gracindo fazia barra com o dos Cristais em forma de forquilha, no lugar onde nasce o Rio dos Arcos, que banha a região, fazendo uma curva semi-circular. Quarta: a maneira antiga de designar os inimigos numa expedição dos caçadores de índios: “tantos arcos”, ou seja “tantos índios armados de arcos”.
A última versão e mais crível é devido à procedência lusitana dos colonizadores da cidade, egressos do Arquipélago do Açores (que se chamava Arquipélago das Formigas), de possessão portuguesa. O nome Arcos, afirma Xavier Fernandes, no livro “Topônimos e Gentílicos” é comum na toponímia de Portugal, onde aparece espalhado por cerca de vinte concelhos.

Fonte: Livro "História de Arcos"

sexta-feira, março 17, 2006

Aquele que é poeta...

Com a arte correndo nas veias, João Evangelista espera em frente ao seu prédio à tarde, lá pelas 17:30, o horário das garças passarem no céu azul para serem capturadas pela lente da câmera fotográfica



Homem das letras, homem da terra, homem de Arcos: João Evangelista Rodrigues, 57, não é a toa que seu nome “João” rime com criação, diversão e região. Jornalista, poeta, filósofo, compositor e fotógrafo ele cria, recria e inventa a realidade a todo instante, divertindo-se no ambiente no qual está inserido, em sua terra natal e conseqüentemente em Minas Gerais.
Em seu apartamento, lugar que segundo ele foi escolhido por possibilitar uma visão privilegiada da parte verde da cidade, da Lua e por ser localizar em um lugar calmo, João relembra a sua infância na fazenda Sant`Ana, lugar em que nasceu em 04 de julho de 1948, em Arcos. Aos sete anos, ele ajudava o pai, o agricultor Pedro Evangelista Rodrigues na capina e aprendia com a mãe, a professora primária, Noemia Teixeira Rodrigues, a afeição pelas letras. Com um tom de gratidão, ele conta que se familiarizou com os livros, antes de freqüentar a escola por influência da mãe, que também escrevia poemas e possuía obras literárias em casa.
João trabalhou no armazém de seu pai como caixeiro e lia todos os jornais que chegavam à loja. As palavras-chave que o convidavam a leitura eram Literatura e Poesia. Ele pausava a atividade, lia e ate recortava os textos. Como, desde a adolescência conscientizou-se que para um escritor escrever bem, deve ler muito, ele comprou com o primeiro salário uma caixa de livros, e foi repreendido pela mãe, por causa do ato obstinado, enquanto ela estava passando por dificuldades financeiras. Porem a descoberta do conceito e das vertentes da literatura, João achou nos Suplementos Literários de Minas Gerais que começaram a ser impressos em 1970, criado pelo jornalista mineiro Murilo Rubião. Nessa época João já escrevia poemas e em 1974 já possuía muitos escritos guardados, aqueles que todo escritor iniciante tem receio de mostrar a outrem. Ele conta que começou a escrever versos com freqüência a partir dos 18 anos, e desde então escreve freneticamente.
Depois de migrar para varias cidades de Minas Gerais e cursar Filosofia no Seminário da cidade de Mariana, Evangelista mudou-se para Belo Horizonte, onde teve oportunidade de fazer amizades com diversos escritores de Minas Gerais. Essa fase, segundo ele, foi de efervescência cultural, participava de saraus, manifestações, passeatas do movimento estudantil e buscava todo tipo de informação sobre a historia da literatura nacional e internacional.
Em 1980, Evangelista formou-se em jornalismo pela PUC Minas de Belo Horizonte, aos 30 anos. Nessa época, João fazia da equipe de reportagem do Jornal “O Arcos”.
Em 1983 Evangelista descobriu a paixão de fotografar, mesmo com o sério problema de visão. Ele lembra que no inicio fotografava baseado nas sombras, na luz e no plano geral. O prazer de capturar imagens se tornou constante, e pode-se perceber isso nos livros dele, que sempre são ilustrados com fotografias de sua autoria.
Segundo João, a deficiência visual também o aproximou da musica. Hoje ele tem cerca de 100 músicas gravadas por conceituados músicos mineiros e 400 letras escritas. Em agosto, ele conta que ira lançar o disco “Andejo” que tem composições suas e do intérprete Joaci Ornelas.
A veia artística de João também foi canalizada para o ensino. Ele foi professor e coordenador do curso de jornalismo da PUC Minas Arcos do segundo semestre de 2000 a 2004.


Bibliografia


O primeiro Livro, no qual, João Evangelista publicou seus versos foi na antologia “Hora Extra”, reunião de poesias de funcionários da extinta Agência Bancária Minas-Caixa. A coletânea foi organizada por ele mesmo, na época era assessor de imprensa do Banco. O ato de escrever para Evangelista é uma necessidade que chega a angustiar. Ele lembra que no início da carreira literária chegou a queimar e rasgar poemas, por não gostar e nem se interessar por aquilo que havia escrito. A literatura produzida por ele, é permeada por um inconformismo com o mundo, com as relações sociais estabelecidas e principalmente por um sentimento de angústia diante da existência humana. “O meu trabalho é sobre a vida, a morte, sobre o conflito que existe em nós. O papel do escritor é transformar sua angústia pessoal em obra de arte e deixar que esta aflija o leitor para que este se transforme também”.
O poeta diz também que suas obras são voltadas para a crítica social, com influência de João Cabral de Melo Neves, Ferreira Gullar, e que apesar de gostar muito de Carlos Drummond de Andrade, que este não tem influência direta sobre a sua obra.
O primeiro livro de poesias escrito por João foi o “Avesso da Pedra”, publicado em 1984. O segundo “Mutação dos Barcos” de 1989 que reúne fotografias e versos sobre o rio Madeira de Rondônia. O terceiro, “Oeste das Letras” é um longo poema dedicado a Arcos, em que o poeta faz referências à primeira rua habitada da cidade, a Augusto Lara, onde o escritor passou parte de sua infância. O último, “Transversias” foi escrito em 2002. Evangelista apresenta na obra três momentos distintos de Minas Gerais: O que é Minas? O poeta mostra a cultura, religiosidade e paisagens mineiras. No segundo momento: O que mudou em Minas? E finaliza com: Quem se mudou de Minas? Listam-se os personagens e os fatos do dia-a-dia do estado.
As poesias de Evangelista também estão nas coletâneas: A Fala Irregular (1983), Antologias de Poesia (1992), Signopse: A Poesia na Virada do Século (1995), Fenda: 16 poetas vivos (2002), e na Poesia dos Jornalistas (2004), essa última é peculiar por ser uma coletânea dos jornalistas que venceram o I concurso Nacional de Poesias para Jornalistas, do qual João foi o vencedor com o poema “Namorado da Poesia”.
O escritor revela que tem dois livros prontos para publicação: um que trata da questão da morte, intitulado “Fascínios da Morte” e o outro “Visões de João Manuel”, um trabalho intertextual que intercala, trechos dos livros do poeta Manoel De Barros com fotografias tiradas por Evangelista.

quinta-feira, março 16, 2006

História do Carro de Som: a 'voz do povo' em Arcos

Quem mora em cidades de interior já está acostumado a ver e ouvir os carros de som que anunciam desde produtos e promoções comerciais a perdas de bens pessoais e notas de falecimento. Mas geralmente quem vive em grandes centros não está habituado com tal cena, justamente pelo fato de o carro de som ser uma alternativa publicitária de municípios pequenos e, portanto, desconhecido nas metrópoles.
Foi tal fenômeno de comunicação regional que motivou as alunas de publicidade e propaganda da PUC Minas Arcos, Maria Cristina Oliveira, Sandra Patrícia Ramos, Gabriela Carolina Campos e Vilma Celina da Silva a fazerem uma pesquisa sobre a eficácia e história do carro de som em Arcos. As pesquisadoras fizeram o levantamento histórico, a partir de entrevistas com o professor arcoense Humberto Soraggi Filho, com o taxista e pioneiro do carro de carro na cidade, Pedro Antônio dos Santos e a com a esposa dele, Lázara dos Santos. Todas as informações foram condensadas no artigo científico “O carro de som como mídia alternativa eficaz no Oeste mineiro”.
Assim como elas relatam no artigo, a utilização da radiofonia em Arcos começou nos anos 50 do século XX, com a Amplificadora Vitória, cujo proprietário, João de Melo Sobrinho, era mais conhecido como “Zé da Bicicleta”. A estação possuía uma programação musical, com oferecimentos aos ouvintes, anúncios e momentos reservados para os “inflamados” discursos políticos da época. A rádio funcionava por meio de alto-falantes que, estrategicamente posicionados, alcançavam uma grande distância. As transmissões eram encerradas todos os dias ás 21 horas com uma antiga música chamada “Sinos do Havaí”. Os textos publicitários eram feitos pelo próprio João de Melo, conforme os interesses do anunciante.
As estudantes referem-se à importância da igreja católica no desenvolvimento da comunicação via amplificadores. Na década de 50, Padre Domingos empregou o alto-falante para propagar músicas religiosas e avisos de missa. Um fato super curioso na época eram os avisos de falecimentos, anunciados pelos toques dos sinos. Quando o toque era agudo havia morrido uma mulher, caso o som fosse grave, o falecido era um homem. Ao tocar dos sinos, as pessoas já se perguntavam: “Os sinos estão tocando... morreu alguém... quem será?”.
Os anúncios de falecimento e missa de sétimo eram noticiados também nos boletins. Após algum tempo, o informativo foi substituído pelo serviço de alto-falante volante. Hoje é realizado pelo carro de som.


Precursor e pioneiro


Um dos precursores do carro de som em Arcos foi uma figura famosa dos moradores antigos, conhecido pelo apelido de “mudinho Baguega”. Toda terça-feira, dia tradicional de exibição de filmes no cinema (algumas vezes às quintas e sábados), ele pendurava nas costas, um cartaz com o nome do filme e determinadas cenas impressas, parava nas esquinas e gritava com um megafone: “o bague, bague, bague, baga, bague baga hoje”. Por não pronunciar as palavras corretamente, a única palavra que se entendia era “hoje”, portanto, as pessoas que se interessavam por cinema eram obrigadas a correr e ler nas costas o nome do filme que seria exibido.
Já na década de 70, iniciou-se a adaptação dos altos-falantes nos carros. O pioneiro no ramo foi Pedro Antônio dos Santos, o “Pedro do táxi”, junto a sua família. A esposa dele, Lázara dos Santos lembra que no início eles começaram a anunciar num carro muito antigo, chamado Aero Willys e, em cima, as cornetas Delta. Segundo Lázara, o primeiro comercial foi uma propaganda da Celeta Móveis, loja de Formiga. “Compramos uma caixa pequena de som e, todos os dias, eu ajudava o meu marido a colocá-la e tira-la do teto de um fusquinha”. Depois de um período, Lázara lembra que ampliaram o negócio ao comprarem uma caixa maior, uma belina e caminhonetes. As gravações eram feitas em fita cassete, posteriormente em MD (um pequeno CD) e, atualmente, em CD.
Um fato que comprova a eficácia do carro de som é um acontecimento que Pedro sempre conta; um idoso precisava fazer uma cirurgia e não tinha condições financeiras, então contratou o carro de som para solicitar ajuda ao povo da cidade. Fizeram gravação original, com a locução do solicitante. Os dois saíram juntos pelas ruas. O valor arrecadado foi dez vezes superior ao que ele precisava.
Hoje, depois de 32 anos de empreendimento, tem três carros de som e é seu filho mais novo quem dirige os automóveis.