terça-feira, fevereiro 21, 2006

Resgate histórico: o início e o fechamento do aeroporto Rondon Pacheco de Arcos





Toda cidade, à medida que evolui, abriga dentro de si uma “cidade invisível”, isto é, imagens de monumentos, casas, locais, paisagens e pessoas que não existem mais. Ou melhor, perduram somente na memória dos habitantes mais antigos do município, em fotografias e em documentos oficiais. Como o escritor Ítalo Calvino, retrata no livro “As Cidades Invisíveis”, a cidade deixa de ser apenas um conceito geográfico para se tornar um símbolo complexo da evolução e da existência humana.
Nesta perspectiva, Arcos já se tornou um município com várias histórias e memórias a serem resgatadas. Uma delas, diz respeito ao extinto aeroporto “Rondon Pacheco”, da década de 60 a 80, situado às margens da BR 354, no lugar onde hoje se localizam a Puc Minas Arcos e a empresa Coser Ltda (antiga Transcálcio), numa área que se estende até ao final do terreno do Parque de Exposições.
Conforme o aviador e ex-prefeito de Arcos (1971 a 1972), José Teixeira de Rezende, sua idéia de investir na construção de um aeroporto surgiu quando o aeroclube, comandado pelo arcoense Tonico Fonseca, foi desativado, por volta de 1960. Em 1967, iniciou-se a construção do hangar no mesmo local do aeroclube, que daria corpo ao aeroporto inaugurado em 1970, num terreno de dois quilômetros de extensão, aproximadamente. Conforme Rezende, uma parte do terreno era de propriedade privada e a outra pertencia à Prefeitura de Arcos. Não houve nenhuma solenidade de inauguração, porque, como diz o aviador, o poder público e grande parte da população não eram favoráveis à instalação do campo de aviação. “Geralmente, a humanidade sempre é contra algo que ela não usufrui”, comenta.
Apesar de boa parte das pessoas e dos amigos de José Rezende não aprovarem o aeroporto, o aviador conta que conquistou a confiança do povo quando comprou 10 tambores de gasolina, com dois mil litros de combustível e voou com vários moradores da cidade, sem cobrar nenhuma taxa. Rezende rememora que as pessoas tinham muito medo de avião naquela época. Um fato curioso que o aviador não esquece foi a mobilização de cerca de 50 pessoas que foram à casa dele para pedi-lo que vendesse o avião, porque tinham receio que ele se acidentasse e morresse.
O nome do aeroporto foi escolhido em homenagem ao governador de Minas Gerais, Rondon Pacheco (1971 a 1975), por ele ter liberado uma verba para asfaltamento do terreno e autorizado o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/MG) a asfaltar o campo de aviação. Entretanto, José Rezende conta que depois de cumprir a gestão municipal em janeiro de 1973, Olívio Guimarães Faria (o Zizo), que assumiu o cargo, não autorizou a reforma.
O primeiro avião a pousar no campo de aviação foi uma aeronave paulistinha, com dois lugares, de propriedade de José Rezende, em 1970. O aviador lembra que o aeroporto era muito útil para as empresas da cidade, pois a maioria dos desembarques era de aviões com funcionários do alto escalão da Itaú, da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e de outras indústrias e agências bancárias.
Diversas personalidades políticas também usufruíram o campo de aviação “Rondon Pacheco”, como o governador de Minas Gerais e o secretário da agricultura, à época. Rezende conta ainda que, certa vez, aconteceu de um avião com destino à cidade de Oliveira pousar em Arcos, porque, em Oliveira, não havia um lugar adequado para o pouso.
Em 1986, o aeroporto foi desativado porque o atual prefeito de Arcos, Plácido Ribeiro Vaz (em seu primeiro mandato - 1983 a 1988) fez uma permuta de imóveis entre a empresa Coser Ltda e a Prefeitura de Arcos. A troca visou à transferência do aeroporto para um terreno próximo da estrada das paineiras, no norte da cidade.

3 comentários:

Anônimo disse...

Eu me lembro do aeroporto, nuuu, faz muito tempo, já tinha me esquecido!

Anônimo disse...

achei muito interessante,esta materia,parabens continui postando coisas do passado de Arcos

Anônimo disse...

Alguns politicos só servem para freiar o desenvolvimento da nossa cidade... Cadê o novo aeroporto? (o gato comeu)