sexta-feira, junho 02, 2006

“Tudo fala. Basta você parar e ouvir”


De tudo pode se emanar uma inspiração para arte. Os objetos, as atitudes das pessoas, a natureza, o meio ambiente em geral. Assim relata artista plástica Neuza Lima sobre o processo de criação de peças artísticas

Todos nós podemos ser artistas? Embora possa parecer um tanto pretensiosa, a pergunta procede. Levando-se em conta que a arte é uma forma de expressão, todos no decorrer da vida a desenvolve um pouco. Algumas pessoas de fato se entregam a subjetividade e desenvolvem as habilidades artísticas em sua plenitude, sem se preocuparem com as exigências da sociedade. Outras, coagidas pelas obrigações que vida as impõem seguem o caminho da objetividade.
A artista plástica de Arcos, Neuza Lima, de 48 anos, optou pelo caminho da arte, logo na adolescência, quando se dedicava, com afinco, aos trabalhos escolares, nas disciplinas que exigiam criatividade. Fez cursos de pintura ainda na juventude, e rapidamente começou a criar sozinha em casa. As tintas, as telas, tecidos, papéis, vidros e madeiras eram materiais que atraíam a atenção de Neuza para uma experimentação artística. “Quando se dá ouvido aos anseios da alma, as coisas acontecem naturalmente e tudo que nos rodeia nos leva a realização daquele desejo”, filosofa.
Em todos os segmentos da arte, seja ela, visual, gráfica ou plástica, o processo de criação é essencial. Pois, é nesse estágio que o artista absorve da realidade temas que necessitam ter visibilidade e mescla com os próprios sentimentos, dando início à peça artística.
Com Neuza, esse período não é diferente. De acordo com a artista plástica, a inspiração pode sair de qualquer lugar, basta estar atento, com os cincos sentidos aguçados para percebê-la. Ela diz que todos os materiais transmitem alguma mensagem. “Trata-se de uma percepção interna. Algo na natureza, nas atitudes das pessoas me chama atenção, então passo a desenvolver aquela idéia dentro de mim, pesquiso em livros e revistas. Depois filtro as idéias, até que o conceito fique mais forte, claro, constatado e inicio a obra”.
Ela já pintou quadros com temáticas relativas a ruas, casas, paisagens com águas, e também realizou também uma obra, composta de 17 telas chamada, a “Mulher e a Flor”, uma homenagem ao “feminino” no planeta. Neuza associou as mulheres às flores, inclusive, cada mulher representada tem o nome de uma flor, que é o mesmo da tela. Os nomes são interessantes, porque alguns são comuns, porém as pessoas não sabem que são nomes de flores, como por exemplo, Érica.
Além de pintar telas, com tintas a óleo e acrílicas, a artista realiza trabalhos de reciclagem, que engloba técnicas de decupagem (corte, colagem e montagem de figuras de papel) e de artesanato. A artista transforma caixinhas de leite em suporte de flores, canudinhos de folhas de revistas e jornais em porta-retratos e em porta-copos. Apesar da reutilização dos resíduos sólidos ser um trabalho novo e de experimentação para Neuza, ela diz que é fascinada por este segmento e acredita que todo material pode ser reaproveitado. “A versatilidade da vida está impregnada nos objetos, por isso podem ser transformados continuamente, assim como a nossa vida. Uma caixinha de leite serve para transportar o leite, mas depois de utilizada pode ser reformulada e ganhar uma outra utilidade”.
Outros trabalhos feitos pela artista são a ornamentação de vasos de cerâmica e também as pátinas, palavra que vem do italiano e quer dizer tinta sobre tinta, é uma técnica que pode ser aplicada em paredes e em móveis de madeira.
Existe um clichê na atualidade, de que nada mais é criado, mas sim copiado. A respeito disso Neuza explica que o artista não inventa uma peça, mas na verdade capta e reproduz algo que está pronto no meio ambiente.
Ela que já expôs em várias escolas de Arcos, na PUC Minas Arcos, no Unifor (Centro Universitário de Formiga), e também nas cidades de São Paulo, Presidente Prudente e Catanduva, diz que quando apresenta as telas ao público sente-se realizada. Segundo ela é o momento em que todo aquele conceito idealizado no processo de criação é comunicado ao observador. Nas palavras dela, um coração comunicando com outro.
A artista plástica é formada em Letras pelo Unifor e leciona disciplinas relacionadas à arte nas escolas particulares Cecon e Inpa, na Escola Estadual Maricota Pinto, e também ministra aulas de pintura na Casa de Cultura da cidade. Ela tem um ateliê na praça Floriano Peixoto, lugar em que pretende, em longo prazo, abrir para visitação do público.




PS: Em breve, fotos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Very pretty design! Keep up the good work. Thanks.
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