quarta-feira, abril 19, 2006

Amor versus fronteiras





Brasileiro e norte-americana romperam a distância e se uniram depois de namorarem quatro anos por meio de cartas, na década de 80




Atualmente, é normal se ver estudantes brasileiros fazerem intercâmbios em outros países, principalmente os de língua inglesa, para terem fluência em outro idioma e se garantirem no mercado de trabalho. Porém, o contrário também acontece, e muitos estrangeiros se interessam em conhecer a cultura brasileira e a língua portuguesa. A norte-americana Rebecca Pimentel dos Santos conta sua história de vinda para o Brasil com um sotaque carregado, mas com o jeitinho mineiro adquirido, após quase 10 anos de moradia em Arcos. Sua vontade em conhecer outras culturas e outros países foi impulsionada por uma experiência de trabalho voluntário que teve em Guatemala, em 1980, quando tinha apenas 16 anos. Ela se encantou com a diversidade cultural, com a diferença lingüística e o ambiente diferente ao que estava acostumada na América.
A escola em que estudava nos Estados Unidos também tinha intercambistas de vários países, fato que instigava a curiosidade de Rebecca a aprender outros idiomas e conhecer outras nações. “Era interessante acompanhar o esforço e a inteligência de uma pessoa em aprender o inglês”, lembra.
Então, em 1981, teve a oportunidade de providenciar a sua viagem, já que o Rotary da cidade em que morava abriu vagas para três estudantes que se interessasse em estudar no exterior, sendo que os destinos eram o Japão, Finlândia e Brasil. Apesar de Rebecca ter planejado estudar na Itália, por forças do destino ou não, ela veio para o Brasil (Arcos), porque havia um arcoense que se interessava em ir para os Estados Unidos, também pelo Rotary. Portanto, resolveu-se fazer uma troca; o arcoense foi para Gaylord (Minnesota), cidade natal de Rebecca, e ela para Arcos.
Sem falar uma palavra em português, a jovem de 18 anos se desafiou e acabou por vencer a batalha. Durante um ano que ficou na cidade, ela morou na casa de quatro rotarianos arcoenses, aprendeu a língua e fez amizades, e mais do que isso estabeleceu um laço de amor com um rapaz arcoense, Gaspar Pimentel dos Santos.
Com a esperança de um dia poder encontrá-lo novamente, Rebecca voltou para os Estados Unidos com o coração no Brasil. O rapaz, também apaixonado ficou sem saber o que fazer, pois na época, não se tinha a facilidade de comunicação que se tem hoje com a Internet e os comunicadores de mensagens instantâneas, como o MSN Messenger; até mesmo conversar pelo telefone era difícil, pois as tarifas tinham preços exorbitantes. Entre o arrebatamento da paixão, dos primeiros flertes e do pesar da distância, eles trocaram cartas todas as semanas durante quatro anos; comunicaram-se assim como grandes casais fizeram no passado quando se encontravam distantes um do outro, como Jorge Amado e Zélia Gattai ou Machado de Assis e sua namorada portuguesa Carolina,ou ainda Marina Colasanti e Affonso Romano de Sant'Anna, correspondências estas que ganharam ou ganharão valor literário. Hoje, todas as cartas de Rebecca e Gaspar estão guardadas em uma caixa de madeira, como um tesouro que simboliza a união dos dois.
Em 1986, Rebecca voltou ao Brasil para rever Gaspar e para discutirem sobre o casamento, entretanto por causa das burocracias não foi possível concretizar o laço matrimonial desta vez. A jovem retornou para seu país aos prantos, mas sem desistir de seus sentimentos. A partir daí, Gaspar tentou conseguir o visto para ir ao Estados Unidos e não conseguiu. Foi aí que ela teve a idéia de pedir ao Consulado Americano um visto de noivo para Gaspar. A permissão foi concedida, Gaspar foi para os EUA (Estados Unidos da América) e tinha 90 dias para se casar. Ele chegou ao país em dezembro de 1986 e se casaram em janeiro de 1987.
A norte-americana lembra que o marido conseguiu um emprego muito bom e que ela estava bem empregada, tiveram duas filhas, a Ashley, 15, e Juliana, 12. Entretanto, o tempo passou e Gaspar começou a sentir saudades do Brasil, porém Rebecca não quis mudar-se para cá na época por causa da alta inflação da moeda brasileira.
Foi a partir da implantação do Plano Real, que Rebecca começou a pensar na hipótese de mudar de país. Nessa mesma época, ela ficou desempregada, após um período os pais faleceram e as filhas estavam em fase de entrar na escola. “Os laços que eu tinha em minha terra começaram a ser desfeitos, então tive coragem de mudar”.
Em 1997, a família veio para o Brasil de “mala e cuia”, pois trouxeram todos os móveis e utensílios da casa em que viviam nos Estados Unidos. Eles vieram de avião, e a mudança veio em um navio, um contêiner de 20 pés. O transporte demorou 18 dias para desembarcar no porto de Santos e ficou em cinco mil dólares, na época.


Adaptação


Rebecca pensou que no início seria fácil, porque ela já conhecia a família do seu esposo, tinha alguns amigos e já conhecia a cidade, entretanto, ela diz que foi muito difícil, porque estava vivendo um contexto bem diferente daquele em fez o intercâmbio. As filhas entraram na escola e precisavam aprender a língua portuguesa, tinha que construir a casa e se adaptar aos hábitos alimentares. “Você chega e tudo parece muito difícil no início, fiquei com medo de investir em algo”.
Ela lembra que teve dificuldades com o “arroz e feijão” todos os dias e até hoje não gosta, mas está aprendendo a gostar mais de feijão quando se coloca bacon e também com o horário das refeições, pois como ela diz a principal refeição nos EUA é o jantar. Quanto a cidade, a imigrante diz que acha Arcos uma cidade agradável e limpa, porém com pouco lazer a oferecer.
Porém, logo, Rebecca foi procurada para dar aulas de inglês e o empreendimento surgiu naturalmente. Ela iniciou com aulas individuais em sua casa, até alugar um apartamento na Galeria Rodrigues, onde funciona sua escola “The English Connection”.
A norte-americana leciona em três turnos para mais de 100 alunos, que vão desde nove até 50 anos de idade, ou seja, para todos os níveis de conhecimento do inglês. Além disso, ela dá aulas individuais, faz trabalhos como tradutora e intérprete.
Uma das pretensões de Rebecca é fazer uma conexão de sua escola com o EUA, para promover intercâmbios e facilitar viagens de arcoenses aos Estados Unidos. E um grande sonho é que uma das músicas que escreve em inglês faça sucesso no Brasil, além da pretensão de escrever um livro sobre seus causos no Brasil. “Se a música “The book is on the table” fez sucesso eu também posso conseguir”, brinca.

5 comentários:

Anônimo disse...

Eu sou bem sensível a estas histórias. Acredito muito que o amor pode vencer distâncias, superar desencontros e sofrimentos, dificuldades e principalmente a tal da saudade descrita pelos poetas e músicos mas que quando vc sente aperta mais ainda o coração. As pessoas necessitam ler mais histórias assim, acreditar mais nas emoções, lutar mais por elas. Meu professor de historia geral outro dia na aula disse que a modernidade nos tornou muito subjetivos, nos transformou em sujeitos cheios de reserva e que isso não condiz com a natureza humana, que somos mais emoção que razão, mais intensidade que apenas praticidade. Parece um discurso piegas demais, mas eu sou bem sensível....

Anônimo disse...

alias eu quis dizer que estamos mais objetivos, só pra fazer uma correção!

Anônimo disse...

É uma linda história!!!!
Como dizem o amor não tem fronteiras!!! E eu acredito nisso, pois tenho exemplo em minha família, e quando o amor é verdadeiro não importa a distância não!!!

Anônimo disse...

Não sei bem o q dizer. Achei o texto bom, com uma bela historia que de certa forma deveria levar todos a refletirem sobre suas vidas e sobre o que estão fazendo com elas. Deveríamos decidir sobre o que queremos e fazer o possivel e ate o impossivel para conseguir. Rebeca e seu marido buscaram todas as alternativas para se casarem, para viverem sua historia. mas hj as pessoas estão seguindo outros principios ou talvez nenhum principio. Estão deixando de buscar seus sonhos, viver bons momentos ao lado das pessoas q amam por coisas secundárias.
Não somos nada sem amor. Na Biblia esta escrito isso.
I Coríntios 13: 1 -8

"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, se não tivesse amor, nada seria."
Bem acho q é isto.

Cláudia Silva disse...

eu tbm acredito no invisível e no que parece impossível!!!!