sexta-feira, março 17, 2006

Aquele que é poeta...

Com a arte correndo nas veias, João Evangelista espera em frente ao seu prédio à tarde, lá pelas 17:30, o horário das garças passarem no céu azul para serem capturadas pela lente da câmera fotográfica



Homem das letras, homem da terra, homem de Arcos: João Evangelista Rodrigues, 57, não é a toa que seu nome “João” rime com criação, diversão e região. Jornalista, poeta, filósofo, compositor e fotógrafo ele cria, recria e inventa a realidade a todo instante, divertindo-se no ambiente no qual está inserido, em sua terra natal e conseqüentemente em Minas Gerais.
Em seu apartamento, lugar que segundo ele foi escolhido por possibilitar uma visão privilegiada da parte verde da cidade, da Lua e por ser localizar em um lugar calmo, João relembra a sua infância na fazenda Sant`Ana, lugar em que nasceu em 04 de julho de 1948, em Arcos. Aos sete anos, ele ajudava o pai, o agricultor Pedro Evangelista Rodrigues na capina e aprendia com a mãe, a professora primária, Noemia Teixeira Rodrigues, a afeição pelas letras. Com um tom de gratidão, ele conta que se familiarizou com os livros, antes de freqüentar a escola por influência da mãe, que também escrevia poemas e possuía obras literárias em casa.
João trabalhou no armazém de seu pai como caixeiro e lia todos os jornais que chegavam à loja. As palavras-chave que o convidavam a leitura eram Literatura e Poesia. Ele pausava a atividade, lia e ate recortava os textos. Como, desde a adolescência conscientizou-se que para um escritor escrever bem, deve ler muito, ele comprou com o primeiro salário uma caixa de livros, e foi repreendido pela mãe, por causa do ato obstinado, enquanto ela estava passando por dificuldades financeiras. Porem a descoberta do conceito e das vertentes da literatura, João achou nos Suplementos Literários de Minas Gerais que começaram a ser impressos em 1970, criado pelo jornalista mineiro Murilo Rubião. Nessa época João já escrevia poemas e em 1974 já possuía muitos escritos guardados, aqueles que todo escritor iniciante tem receio de mostrar a outrem. Ele conta que começou a escrever versos com freqüência a partir dos 18 anos, e desde então escreve freneticamente.
Depois de migrar para varias cidades de Minas Gerais e cursar Filosofia no Seminário da cidade de Mariana, Evangelista mudou-se para Belo Horizonte, onde teve oportunidade de fazer amizades com diversos escritores de Minas Gerais. Essa fase, segundo ele, foi de efervescência cultural, participava de saraus, manifestações, passeatas do movimento estudantil e buscava todo tipo de informação sobre a historia da literatura nacional e internacional.
Em 1980, Evangelista formou-se em jornalismo pela PUC Minas de Belo Horizonte, aos 30 anos. Nessa época, João fazia da equipe de reportagem do Jornal “O Arcos”.
Em 1983 Evangelista descobriu a paixão de fotografar, mesmo com o sério problema de visão. Ele lembra que no inicio fotografava baseado nas sombras, na luz e no plano geral. O prazer de capturar imagens se tornou constante, e pode-se perceber isso nos livros dele, que sempre são ilustrados com fotografias de sua autoria.
Segundo João, a deficiência visual também o aproximou da musica. Hoje ele tem cerca de 100 músicas gravadas por conceituados músicos mineiros e 400 letras escritas. Em agosto, ele conta que ira lançar o disco “Andejo” que tem composições suas e do intérprete Joaci Ornelas.
A veia artística de João também foi canalizada para o ensino. Ele foi professor e coordenador do curso de jornalismo da PUC Minas Arcos do segundo semestre de 2000 a 2004.


Bibliografia


O primeiro Livro, no qual, João Evangelista publicou seus versos foi na antologia “Hora Extra”, reunião de poesias de funcionários da extinta Agência Bancária Minas-Caixa. A coletânea foi organizada por ele mesmo, na época era assessor de imprensa do Banco. O ato de escrever para Evangelista é uma necessidade que chega a angustiar. Ele lembra que no início da carreira literária chegou a queimar e rasgar poemas, por não gostar e nem se interessar por aquilo que havia escrito. A literatura produzida por ele, é permeada por um inconformismo com o mundo, com as relações sociais estabelecidas e principalmente por um sentimento de angústia diante da existência humana. “O meu trabalho é sobre a vida, a morte, sobre o conflito que existe em nós. O papel do escritor é transformar sua angústia pessoal em obra de arte e deixar que esta aflija o leitor para que este se transforme também”.
O poeta diz também que suas obras são voltadas para a crítica social, com influência de João Cabral de Melo Neves, Ferreira Gullar, e que apesar de gostar muito de Carlos Drummond de Andrade, que este não tem influência direta sobre a sua obra.
O primeiro livro de poesias escrito por João foi o “Avesso da Pedra”, publicado em 1984. O segundo “Mutação dos Barcos” de 1989 que reúne fotografias e versos sobre o rio Madeira de Rondônia. O terceiro, “Oeste das Letras” é um longo poema dedicado a Arcos, em que o poeta faz referências à primeira rua habitada da cidade, a Augusto Lara, onde o escritor passou parte de sua infância. O último, “Transversias” foi escrito em 2002. Evangelista apresenta na obra três momentos distintos de Minas Gerais: O que é Minas? O poeta mostra a cultura, religiosidade e paisagens mineiras. No segundo momento: O que mudou em Minas? E finaliza com: Quem se mudou de Minas? Listam-se os personagens e os fatos do dia-a-dia do estado.
As poesias de Evangelista também estão nas coletâneas: A Fala Irregular (1983), Antologias de Poesia (1992), Signopse: A Poesia na Virada do Século (1995), Fenda: 16 poetas vivos (2002), e na Poesia dos Jornalistas (2004), essa última é peculiar por ser uma coletânea dos jornalistas que venceram o I concurso Nacional de Poesias para Jornalistas, do qual João foi o vencedor com o poema “Namorado da Poesia”.
O escritor revela que tem dois livros prontos para publicação: um que trata da questão da morte, intitulado “Fascínios da Morte” e o outro “Visões de João Manuel”, um trabalho intertextual que intercala, trechos dos livros do poeta Manoel De Barros com fotografias tiradas por Evangelista.

Um comentário:

bia disse...

joão, ocê lembra de mim, eu sou regininha, de rio espera. uma antiga namorada... em breve estarei em rio espera, quero te ver com muito apreço... espero que lembre de mim... no momento estou no pc da minha irmã. um abraço
Regininha de Rio Espero(1974)parabéns pelo sue niver, que será dia 4 de julho!!!!