terça-feira, dezembro 19, 2006

Com ares de formiga...

Hoje sem querer pisei num formigueiro
E tive um ataque súbito de choro
E uma formiga com ar solidário
Disse-me: Não chore, pois o verão já está a chegar
Fiquei muito sensibilizada com o perdão dela
E resolvi adentrar o formigueiro...

Encontro desmarcado

Olá
Vamos tomar um café?
Eu não tomo café
Nem um capuccino?
Talvez
Sento-me àquela mesa
Com resquicíos dos clientes anteriores a nós
Vejo que não estou sozinha
E sinto que falta acúcar na minha bebida
Procuro por ela
E resolvo usar um pó branco
que em vez de adoçar, salga
Delicio-me na amargura de escolher sabores indesejáveis
e de sentar-me a uma mesa suja
Peço que alguém a limpe
Resolvo eu mesma limpar
Sinto-me melhor
e meto o resto de capuccino no lixo...

domingo, dezembro 10, 2006

Encontro Marcado

Sigo em frente, não chuto as pedras, mas tropeço nelas
Dobro a esquina, tenho alucinações
Sinto que a vida é mais do que letras e bits
Transmito-me de um segundo para o outro da pós-modernidade para a pré-história
Apesar de saber que a menina-conteúdo não convence
E pode-se passar por menina-embalagem
Tento trocar o presente pelo futuro
E o vejo ali a minha espera
Abraço-o, amedronta-me
Transfiguro-me em um ser que quer ver, mas não pode ver
Cerco-me de figuras transitórias
Desfaleço
Procuro o caminho de volta, encontro-o
O amor se revela no alívio de se descobrir que não é proibido amar
Mesmo quando a "Lei da Reciprocidade" não foi integrada ao Código Civil
Mas que ela existe, eu sei…
Sigo em frente, não chuto as pedras, mas salto por elas…