sexta-feira, março 10, 2006

A espetalística TV

A palavra “espetáculo”, segundo o Dicionário Aurélio significa: “1.tudo o que chama atenção, atrai e prende o olhar. 2.Representação teatral, ou semelhante; função. 3. cena ridícula ou escandalosa". Este vocábulo vem do latim e, resumidamente, quer dizer “dado à visibilidade”. Já a “notícia” para os teóricos Stanley Johnson e Julian Harris é o relato de um acontecimento ocorrido, que interessa aos leitores ou qualquer coisa que muitas pessoas queiram ler, ouvir ou ver no jornal da TV, sempre que essa seja apresentada dentro do cânone do bom gosto e das leis de imprensa. O que poderíamos dizer, então, da junção dos dois verbetes? A notícia perdeu o valor e o objetivo de atender ao direito de informação da população para se tornar ‘espetalística’(palavra inventada por mim); com uma finalidade desenfreada de vender bens culturais, e assim acaba por DES-informar ou mal informar o receptor!
Os canais televisivos são abarrotados de programas sensacionalistas que exploram os dramas humanos, com características cinematográficas e teatrais. Devido a audiência elevada são copiados por vários meios de comunicação. Podem-se citar alguns como o Linha Direta, Programa do Ratinho e Cidade Alerta.
Grande parte dos programas utiliza personagens reais ou fictícios para ilustrarem a história narrada, inclusive o Linha Direta da Rede Globo é campeão no quesito “teatro na TV” ao mostrar uma representação para cada história narrada, interpretados por atores em cenários que lembram um anfiteatro. São simulações de casos macabros como crimes passionais, estupros ou até mesmo a perda de pureza de uma adolescente.
E não só os programas de final de noite se vendem ao “mercado do espetáculo”. Não podemos deixar de ter uma consciência crítica e engolir tudo que os telejornais veiculam, pois os noticiários televisivos mais do nunca manipulam a realidade, enganam e se prestam a condicionar a opinião pública. A conhecida “edição” aliena o telespectador a ponto de persuadi-lo a chorar, amar ou odiar.
O Jornal Nacional, transmitido pela Rede Globo não é apenas um noticiário, mas é um programa em que se dita moda, comportamento e valores. Com matérias bem elaboradas, porém parciais, o jornal influencia a opinião das pessoas quanto ao melhor candidato a presidir o Brasil, quanto ao melhor jogador de futebol a ser escalado para a seleção brasileira e pasmem, eles ousam até em induzir quem é o “ídolo” a ser endeusado. Além disso, tornou-se um show, muitas mulheres lhe assiste para ver o terno e o corte de cabelo da apresentadora Fátima Bernardes, ou o rostinho bonito do âncora Willian Bonner.
O conceito citado no 1º parágrafo diz que a notícia é centrada nos interesses do receptor, mas, inescrupulosa, a mídia tem seguido os parâmetros da Indústria Cultural, guiada pelos princípios do capitalismo, transformando a notícia em mercadoria.
A espetacularização da imagem e dos fatos é o meio eficaz que a televisão utiliza para ter mais audiência, ter mais anunciantes, e conseqüentemente ter maior lucro. Os meios de comunicação têm massificado, banalizado a notícia e injetado nos indivíduos os conteúdos de forma indiferenciada e esses obedecem cegamente aos estímulos recebidos.
Enfim, em uma sociedade que está tiranizada pela imagem, muitas vezes não se tem espaço para o pensamento crítico e a população assiste muita televisão pensando que está se informando, quando, na verdade, está se DES-informando.

Um comentário:

de Pina disse...

Xi, olha o lince atacar:) mas é melhor eu não dizer mais nada! Claudinha, tu já dominas isto dos blogues, tá um blogue bem agradável estéticamente. bjinhos pra ti