segunda-feira, fevereiro 20, 2006

De Foz do Iguaçu a Arcos de bicicleta

Dois ciclistas foram de carro até a Foz do Iguaçu, compraram bicicletas no Paraguai e voltaram pedalando de Foz de Iguaçu a Arcos


Você já pensou em atravessar o Brasil de bicicleta, ou simplesmente o Estado em que vive? No filme brasileiro “Caminho das Nuvens”, lançado em 2003, um pai de família, em busca de um sonho, leva a esposa e os cinco filhos de bicicleta da Paraíba ao Rio de Janeiro; percorrem 3.200 quilômetros em cima de “duas rodas”. Ao assistir o filme, pode-se pensar: “isso é fantasia de cinema, não existe na vida real”. Porém, enganado está quem pensa assim, pois imagine este fato: dois ciclistas arcoenses, Lauro Rodrigues, 24, e João dos Reis Nascimento, 44, com dez quilos nas costas de bagagem a pedalar por oito dias, 55 cidades, um total de 1.600 quilômetros, enfim, de Foz do Iguaçu, no Paraná(sul do país), a Arcos, em Minas Gerais (sudeste).
Os dois esportistas provaram que tal aventura não existe somente nas telas do cinema nacional e mais ainda, que pode dar certo, quando bem planejado e com um bom condicionamento físico. Foram três meses de treinamento; durante os cinco dias úteis da semana fizeram exercícios aeróbicos com a instrução do atleta Márcio Camargo e, nos domingos pedalaram cerca de 240 quilômetros. Chegaram a ir a Divinópolis, Itapecerica, Luz, Córrego Dantas, Lagoa da Prata e Moema. “Foi um treinamento muito pesado, mas valeu a pena, porque não tivemos nem dor-de-cabeça durante o ciclo-turismo”, afirma João.
O desejo de se fazer a viagem surgiu da vontade de se montar uma bicicleta com peças profissionais, portanto caras, e então João pensou: “Podemos ir até o Paraguai, compramos as peças e voltamos de bike”. O “amigo de pedal” (como os ciclistas que pedalam juntos se chamam) Lauro gostou da idéia e resolveu planejar a aventura e fazer o ciclo-turismo com o parceiro. Os amigos tiveram que combinar as férias de trabalho no mesmo mês para que pudessem ir juntos. João conta que outros ciclistas arcoenses se interessaram em fazer a viagem, mas que por falta de disponibilidade não puderam realizá-la. Os dois ciclistas ficaram quatro meses estudando o mapa tentando delinear o percurso mais adequado, entretanto, foi por meio do programa de computador Infoguia, que montaram o roteiro de viagem.
Lauro e João partiram de Arcos na madrugada do dia 16 de novembro, de carro com algumas pessoas que também iriam fazer compras no Paraguai. Chegaram em Foz do Iguaçu no dia 16, à noite. No dia 17, foram ao Paraguai, na Ciudad del Este, em busca das peças da bike, porém como os aventureiros relataram, a primeira frustração da viagem veio a acontecer: não encontraram todas as peças que necessitavam; uma delas foi a suspensão, o que fez com que eles colocassem na bicicleta um garfo rígido sem amortecedor.
Assim como os antigos viajantes, os ciclistas durante todos os dias da viagem relataram detalhes do ciclo-turismo em um “diário de bordo”. Conforme consta nos relatos dos atletas, a bicicleta ficou pronta no dia 19 e no dia 20 eles começaram a seguir o percurso de volta em cima da bike. Mas antes de iniciarem o circuito, eles testaram a firmeza da bicicleta ao percorrer a estrada de Foz do Iguaçu até as Cataratas do Iguaçu e estenderam o itinerário até a cidade de Aduana, na Argentina.
Todos os dias, à noite, quando já estavam a descansar, Lauro e João esquematizavam o roteiro do dia seguinte. Saíam dos hotéis por volta das sete a oito horas e paravam de pedalar até as 19 horas.
Com o objetivo de fazer o regresso em sete dias, os ciclistas cronometraram todo o tempo de viagem e por isso, não foi qualquer obstáculo que os impediram de prosseguir. Eles enfrentaram ventos fortes no Paraná, em São Paulo além de chuva nos três dias em que estiveram lá, pegaram 200 quilômetros de rodovia sem acostamento. “Tivemos que brigar com vários carros e carretas. Alguns respeitam e outros não, mas graças a Deus tivemos a felicidade de termos sucesso; só presenciamos dois acidentes em todo caminho”, conta João.
Lauro conta que de todas as dificuldades que enfrentaram as mais desagradáveis foram em São Paulo, por causas das tempestades e dos ventos fortes. Houve dias em que tiveram que almoçar molhados e enquanto pedalava o pneu às vezes saía do chão, por causa da velocidade dos ventos. Quase todos os dias eles tinham que lavar as roupas nos hotéis em que hospedavam, afinal levaram na bagagem poucas peças. O ciclista conta também que em Minas Gerais os pneus de sua bicicleta furou três vezes. Mas como estavam com um arsenal de câmaras de ar, o problema foi resolvido com facilidade.
Já para João foi a alimentação, porque não gostou da comida no Paraná e passou praticamente a lanche. Tirando essas pequenas dificuldades, João avalia a viagem como uma aventura bem-sucedida, pois não tiveram problemas de saúde e nem na estrada. Pelo contrário, ele conta que algumas vezes algumas pessoas os pararam na rodovia para incentivá-los e até presenteá-los com algo.
Para manter a resistência física, os ciclistas tiveram uma alimentação regada a frutas e também comeram massas para ingerir carboidrato. Conforme os ciclistas afirmam eles se surpreenderam, porque no final do dia quando paravam de pedalar se encontravam ainda bem dispostos e com reserva de energia, embora tivessem pedalado por extensos 180 quilômetros.
No último dia de viagem, 27 de novembro, os ciclistas se superaram, pedalaram 230 quilômetros, de São Sebastião Paraíso até Arcos. A única parada, segundo eles, foi no Rio Turvo para almoçarem. Depois de 40 minutos, voltaram para a estrada e chegaram em Arcos às 21h:30m.
Para fazerem essa viagem os ciclistas obtiveram patrocínios da clínica odontológica Smile Prev e da empresa BR Pneus. Eles gastaram, cada um, 1.800 reais.
Em 2006, os ciclistas pretendem continuar as aventuras pelo Brasil, na Ilha de Fernando de Noronha ou seguir a rota da Estrada Real.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostei da materia ela deixa a pessoa vidrada numa historia que nao é tao usual, ja que conta a historia de 2 pessoas que alcancaram um objetivo, o modo como o texto e detalhado atraiu me conhecer esses 2 atletas.

Anônimo disse...

eu ando de bike a muitos anos,e ja andei trajetos de longas distancias, nao gosto de andar 70,100,125 ou 200km gosto mesmo e de viajar assim como fizeram, pretendo fazer uma vigem de goiania ate recife ida e volta e quando eu voltar pretendo aumentar o roteiro, caso algum interessado queira fazer uma viagem como essa,(quero deixar bem detalhado que seja de maior e nao tenha problemas de saude) deixo meu email. jaboatao_2009@hotmail.com