segunda-feira, maio 15, 2006

De 59 a 79: do tradicional às discotecas





Bar e Lanchonete Varanda no início da Década de 80



Veja alguns dos espaços de entretenimento que marcaram a vida social de Arcos


Dos 21 anos da cidade de Arcos em 1959 até o final da década de 70, o município teve uma evolução social e cultural movida pelas tendências mundiais de entretenimento. Os lugares de diversão que antes eram restritos a uma determinada elite cedeu lugar para bares despojados e discotecas, proporcionando alternativas de lazer para vários gostos. Ao Clube Social, somou às opções de ambientes mais acessíveis como o Restaurante e Lanchonete Tio Patinhas, a popular lanchonete e danceteria Varanda, e aos alternativos e vanguardistas Zeppellin e Chalé.
O Clube Social foi o primeiro espaço de entretenimento de Arcos, lançado ao público em 1959, pelos fundadores Clóvis Veloso da Silva, Alaor Vilela e Roulien Ribeiro de Lima. De acordo com Roulien, a Sociedade se chamava “Arcos Recreativo Clube” e foi criada com o intuito de reunir amigos para dançar, já que não existia nenhum lugar para se divertir.
Localizado no segundo andar do prédio em que fica o Bradesco, no local eram realizadas todo tipo de festividades, como festas de aniversário, de casamento e também eventos no Carnaval. Durante a semana eram promovidos a “Hora Dançante”, que na verdade era duas horas de dança. Tocava-se, principalmente, bolero, valsa e samba. Aos sábados, a noite era agitada com a presença de grandes nomes da música brasileira. “Todas os grupos musicais que trazíamos para tocar eram famosos. O pessoal era muito exigente, então tínhamos que caprichar. Dos que trouxemos e fizeram sucesso foi Casino de Sevilha, uma orquestra argentina, e Gretchen”, lembra Clóvis.
Apesar do conservadorismo cultural da época, Veloso lembra um fato curioso, que no bar do Clube Social vendiam-se “lanças-perfume”, psico-trópico proibido no Brasil nos dias de hoje.
Pedro Rocha, 78, era um dos freqüentadores assíduos da “Hora Dançante”. Ele lembra que o pessoal ia ao Clube para dançar e encontrar com os amigos, num período que Arcos era rural e só tinha três carros, pois os outros veículos eram caminhonetes, mais apropriados para fazendas. “Colocava-se 12 discos na radiola e era o suficiente para a noite inteira”, conta Pedro.
Apesar de Clóvis não saber com precisão até que data o Clube Social manteve-se aberto, ele acredita que tenha sido até meados dos anos 70, data em que a Sociedade foi transferida para outro local e tornou-se o Clube que se tem hoje na cidade.


Tio Patinhas/ Varanda

Percebendo a necessidade de ter um ambiente para o entretenimento familiar em Arcos, os irmãos Délcio Cândido Ribeiro e Geraldo Cândido Ribeiro (Catitu) lançaram o Tio Patinhas, em 1973. O local nasceu como lanchonete e restaurante, e posteriormente, abriu-se um espaço para a discoteca. Délcio lembra que na época mulheres não entravam em bares. “No bar do Idolves, por exemplo, as senhoras iam comprar pão e ficavam na porta do recinto. O atendente tinha o trabalho de ir e voltar para pegar o pão e o troco”. Para quebrar esse tabu, Ribeiro deu cortesia aos colegas de trabalho da empresa em que trabalhava para ir com suas esposas e filhos ao Tio Patinhas no dia da inauguração.
Délcio conta que foi um sucesso de público. Havia um cantor e violinista que animava o pessoal, aos domingos, logo depois da missa matutina, já que o Tio patinhas é em frente a Praça Floriano Peixoto, onde fica a Igreja Matriz.
O nome do local se deu pelo simples fato de que Délcio tinha como passatempo ler revistas em quadrinhos, e um amigo lhe deu a idéia de colocar este nome em homenagem a um dos personagens mais famosos dos Estúdios Disney: Tio Patinhas. “Coloquei e acabou pegando, porém, depois tive que retirar o ‘s’, por causa dos Direitos autorais, apesar de todos ainda proferirem o nome no plural”.
De acordo com o proprietário, o Tio Patinhas tornou-se muito movimentado devido ao posicionamento, porque todo movimento da cidade se convergia para a Praça central, porque os bairros não eram auto-suficientes como são, atualmente.
Por volta de 1980, Délcio desentendeu-se com o irmão e resolveu empreender o próprio negócio, criando o bar e discoteca Varanda, nome que explica a arquitetura do bar. A casa noturna tornou-se muita badalado. Délcio lembra que geralmente abria o bar às 20h:00 e se, porventura, atrasasse por cinco minutos tinha problemas em administrar a entrada dos clinetes, por causa do número elevado de pessoas.
Era o auge das discotecas e o pessoal saía exclusivamente para dançar, ao som de Madonna, Michael Jackson, Cazuza, Gênesis, as quartas, sextas, sábados e somingos, dias em que a Varanda funcionava. O movimento começava às 20h:00 e terminava até 24h:00.
Hoje, todos os dois locais permanecem na ativa, porém não com o mesmo brilho de outrora. O Tio Patinhas preserva o nome, mas não é mais uma lanchonete e restaurante, mas promovem-se festas com Djs no local que hoje é chamado de “Porão”, e a Varanda é um bar, freqüentado, mais por homens.

Zeppellin e Chalé


Nessa mesma vertente dançante, surgiu o bar e discoteca Zepellin em 1979, de propriedade de Marcos Vinícius e Elmo Soraggi, na Avenida Governador Valadares, no segundo andar de um prédio que se mantém na mesma estrutura colonial, do lado da Oficina do Pastel. De acordo com Elmo, a composição física do bar e discoteca era uma pista de dança com isolamento acústico, com as paredes todas revestidas de espelhos, piso xadrez preto e branco. O teto era repleto de luzes multicores; um terraço, espaço livre em que as pessoas poderiam descansar da dança e bater um papo, além do Scotch bar, que ficava ao lado do terraço, decorado com mesas e cadeiras de madeiras, onde vendia-se petiscos, frios e vinhos.
Marcos Aurélio Soraggi (Lelo), irmão de Elmo, lembra que a época ficou conhecida como o “tempo das brilhantinas”. “As boates só tocavam Jonh Travolta”. Sandra Soraggi, esposa de Lelo, conta que os jovens saíam com o objetivo de dançar, porque foi na época em que as discotecas “estouraram” no mundo. Ela conta que os homens usavam calças sociais pretas, camisetas brancas com suspensórios coloridos e sapatos com bicos bem finos.
Um fato lamentável que marcou a história dos jovens que viveram aqueles tempos foi ato de vandalismo que aconteceu no Zeppellin. Sandra lembra que no período existia muita rivalidade entre as cidades vizinhas. Portanto, em um dia de festa na discoteca alguns arcoenses desentederam com alguns formiguenses. Lelo relembra: "a briga começou na escadaria, porque um rapaz formiguense mexeu com a esposa de alguém. Como o Zepellin ficava no segundo andar todas as pessoas ficaram acuadas, porque trancaram a porta. Então, algumas pessoas começaram a se defender e outras pularam a janela. Muita gente saiu machucada, e o bar foi quase todo destruído”, relata Sandra. Apesar disso, ela afirma que o Zeppellin marcou a história da vida social em Arcos, por ter sido a primeira boate de Arcos com aspectos físicos de uma autêntica casa noturna.
O nome da discoteca veio da banda de rock, Led Zeppellin, que inovou o cenário musical na década de 70 com um vocal agudo e guitarras distorcidas.
De acordo com Elmo, o espaço manteve-se aberto durante pouco tempo, de seis meses a um ano.
Outro barzinho que fez sucesso, por sua originalidade e aspecto vanguardista-underground foi o “Chalé”, também de propriedade de Elmo Soraggi, e do ano de 1979. Conforme Elmo, o local funcionou cerca de três anos, sendo que esse era um lugar de reunião dos amigos nos finais de tarde, uma espécie de ponto de encontro, em que decidiam para onde iam.
O Chalé era um barraco, com varanda, com formas de um chalé nos fundos de um terreno, na Avenida Governador Valadares. “A iluminação era suave, os bancos e as mesas eram rústicos, o que proporcionava bem-estar e descontração”.

6 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

La Orquesta Casino de Sevilla no era argentina, era española. Se llamaba Els Fatxendes y era de Sabadell, Barcelona. Llegó a América en febrero de 1950 y el primer país donde actuó durante meses fue Cuba. Fue entonces, al llegar a Cuba, cuando cambió de nombre y pasó a llamarse "Casino de Sevilla". Pasó luego por otros paises, Méjico, Venezuela, Perú, Chile, Argentina y en 1954 se asentaron en Brasil, país en el que todavia hoy está actuando.
(Para más información, consultar el libro "Els Fatxendes - una gran orquestra de Sabadell" escrito por Jaume Nonell)

Anônimo disse...

Saudades de você! Bruna Soraggi.